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Samauma vai promover a preservação no Acre

Valor Econômico, Especial Meio Ambiente, p. F16
05 de Jun de 2023

Samauma vai promover a preservação no Acre
Cineasta Fernando Meirelles é "padrinho" de projeto que envolve 150 mil hectares de florestas

Por Marília de Camargo Cesar e Fernando Taquari
- De São Paulo 05/06/2023

O cineasta Fernando Meirelles é o "padrinho" de um projeto imenso de crédito de carbono na região do município de Cruzeiro do Sul, no interior do Acre. Chama-se Samauma, assim mesmo, com "a", que é como a sumaúma é popularmente conhecida no Norte do país. A sumaúma é uma árvore imensa, que pode chegar a 50 metros de altura e é conhecida como a rainha da Amazônia.

Meirelles foi sondado pela Mata Nativa, empresa de Ribeirão Preto, que já cuidava de um projeto de crédito de carbono para o cineasta, em Pariquera-Açu (SP), e que conta com uma equipe multidisciplinar composta por biólogos, engenheiros ambientais e advogados para atender todo o Brasil com projetos voltados para preservação ambiental.

"Em 2021 o José Junior, dono da Mata Nativa, me disse que havia uma área de 150 mil hectares à venda no Acre, que daria um projeto de preservação espetacular, mas ele não sabia como achar investidores", conta Meirelles, que conectou o empresário com Henry Gonzales, sócio da Fram Capital, corretora com quem faz seus investimentos.

"O Henry é enxadrista, pensa longe e é muito racional. Gastou um tempo fazendo todas as projeções, bancou um levantamento florístico e biológico da área e o cálculo do potencial de carbono estocado. Para você ter uma ideia, o Acre todo tem esta análise em 40 pontos, só para a Fazenda foi feito um levantamento do ativo biológico em 250 pontos", diz Meirelles.

Segundo Henry Gonzales, o levantamento sobre a região e seu potencial levou quase um ano. O estudo revelou uma área equivalente à cidade de São Paulo, com mais de 80 espécies de árvores, algumas ameaçadas de extinção. O potencial é de retirada de 120 milhões de toneladas de carbono da atmosfera. Além disso, o projeto atende a sete dos Objetivos de desenvolvimento Sustentável (ODS), segundo o levantamento.

Com todos os dados em mãos, Gonzales foi atrás de investidores e criou um fundo de R$ 250 milhões, do qual participam vários cotistas, entre eles um banco de investimento e o próprio cineasta. "Fora a proteção e uso da floresta para pesquisa, o projeto contempla restaurar 4 mil hectares de pasto e dar apoio as 150 famílias que moram na fazenda", afirma Meirelles.

A área faz divisa com 13 aldeias indígenas, segundo ele, e projeto também buscará o Instituto Socioambiental (ISA) para saber como apoiar estas comunidades. "É um projeto lindo, que espero que ajude o mercado a entender que a floresta em pé pode ser muito mais rentável que o pasto. Essa é a linguagem que os investidores entendem e que garantirá a preservação deste patrimônio que o Brasil tem", diz Meirelles.

José Júnior, da Mata Nativa, também está animado com o projeto e o considera uma comprovação de que as propriedades rurais podem ser muito mais lucrativas inserindo nas suas rendas produtos provenientes da preservação do meio ambiente. Como exemplo, cita a redução e remoção dos gases de efeito estufa, o desenvolvimento de ações que tornem as propriedades elegíveis ao recebimento de pagamentos por serviços ambientais e a transformação do excedente das áreas de reserva legais em Cotas de Reserva Legais, que servem para a composição da área de reserva legal de propriedades rurais que precisam se adequar ao Código Florestal.

Valor Econômico, 05/06/2023, Especial Meio Ambiente, p. F16

https://valor.globo.com/publicacoes/especiais/meio-ambiente/noticia/202…

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