OESP, Nacional, p. A12
17 de Nov de 2004
Ruralistas protestam contra investidas de índios em MS
Simone Harnik
Produtores rurais de Mato Grosso do Sul protestaram ontem, na Avenida Paulista, em São Paulo, contra ocupações indígenas em suas terras. Eles argumentam que propriedades com escrituras estão sendo tomadas por aldeias.
"Nós viemos aqui mostrar o constrangimento que os produtores passam. Dizem que nós tomamos as terras dos índios, mas, na origem, essas não eram deles. Nós temos os títulos de posse", desabafa Pio Queiroz Silva, pecuarista da cidade de Antônio João e presidente da ONG Recovê, que representa os interesses dos proprietários. "A causa dos índios é justa. Os meios é que são criminosos. Existe uma dívida com os índios, mas não se pode responsabilizar alguns poucos produtores."
Cerca de 180 produtores viajaram de ônibus das cidades de Ponta Porã, Dourados, Campo Grande, Japorã, Antônio João, entre outras, e se reuniram na Avenida Paulista, ao lado do prédio do Banco Central. Durante a manhã chuvosa, alguns se aglomeraram em uma cobertura e distribuíram jornais com sua versão dos conflitos. Enquanto isso, outros visitaram universidades para contar seu problema.
À tarde, foram recebidos por desembargadores da 3.ª Região do Tribunal Regional Federal." Os desembargadores não emitiram nenhuma opinião. Eles se limitaram a nos ouvir. Saímos satisfeitos porque conseguimos mostrar a nossa visão", contou Roseli Silva, da Recovê e mulher de Pio.
Conflito
"Dizer que os índios invadem as propriedades é omitir a metade da história. Historicamente, os índios foram expulsos de suas terras", diz Egon Dionísio Heck, um dos coordenadores do Conselho Indigenista Missionário, entidade que luta pelos direitos dos índios em Mato Grosso do Sul.
Para ele, a região merece atenção urgente do Estado.
"Não é possível admitir a concentração de terras em poucas mãos, mesmo que sejam áreas produtivas.Aqui, nós vemos boi gordo empapando, enquanto pessoas passam fome à beira das estradas
OESP, 17/11/2004, Nacional, p. A12
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