A Gazeta Mercantil-Manaus-AM
03 de Jul de 2001
Os 43 municípios responsáveis pelo incremento de 70% do índice de desmatamento, no ano passado, na Amazônia, terão um licenciamento ambiental de propriedade, a partir de agora, como forma de legalizar as atividades produtivas, reparo dos danos gerados na propriedade, através de um cadastramento georeferenciado feito por imagens de satélites em laboratórios de sensoriamento remoto junto ao Ibama e ao órgão estadual do meio ambiente.
O licenciamento diferenciado passa a valer em 19 municípios de Rondônia, que apresentou participação de 13,66% no índice de desmatamento da Amazônia; dez no Pará, com 29,61%; e, 14 no Mato Grosso, com 40,34%. Esses municípios desmataram uma área de 78.810 km2.
A informação foi transmitida ontem pela secretária de Coordenação da Amazônia, Mary Alegreti, do Ministério do Meio Ambiente, durante reunião com a equipe do governador de Rondônia, José de Abreu Bianco (PFL), em Porto Velho, para discutir alterações, propostas pelo Governo, à Medida Provisória 2080 que limita em 20% a área de exploração na região e define 80% para preservação.
Alegreti preside também uma comissão para flexibilizar a proposta apresentada por Rondônia, de ver inserida na MP 2080, contemplada a inserção de que os Estados que tenham o zoneamento sócio econômico e ecológico, numa escala de 1 para 250 mil, aprovado em lei, caso específico do Estado, seja respeitado os limites da lei estadual ao invés dos estabelecidos pela Medida Provisória.
Essa é a proposta que trazemos para garantir o desenvolvimento da região, porque o Ministério do Meio Ambiente entende que não se pode ampliar mais as fronteiras para exploração, afirmou Alegreti. A reunião deve terminar hoje já que os técnicos do Governo de Rondônia, consideram a proposta paliativa e inviabiliza a lei de zoneamento que custou U$ 20 milhões.
Com esse licenciamento, diferente da licença do desmate, como vinha sendo feito, possibilitará aos 85 mil produtores rurais do Estado a obter linhas de crédito do Fundo Constitucional Norte (FNO) junto ao Basa. O banco segue as determinações da MP 2080 e só está liberando recursos aos produtores que tenham averbado em cartório 80% de sua propriedade como preservada. São R$ 120 milhões que estão parados no banco.
Em Rondônia, principalmente, os produtores foram orientados pelo Incra, no início da colonização na década de 70, a desmatar mais de 50%, considerado, na época, como benfeitoria. Essa proposta pode até liberar os recursos para os produtores, não sabemos se há tempo, dado a burocracia e ao fato de já estarmos na metade do ano, mas somos favoráveis a proposta do Governo de Rondônia, disse o representante do Incra, José Lopes.
Essa proposta é viável e o Governo terá R$ 4 milhões para auxiliar em sua implantação. Cada produtor irá ao Ibama ou à Secretaria Estadual do Meio Ambiente e fará o licenciamento e, se houver danos ambientais ou a propriedade com mais de 50% desmatada se compromete a recuperar a diferença, explica o secretário técnico, Gabriel Lima Ferreira, da Secretaria de Coordenação da Amazônia. A proposta de licenciamento foi montada pelo Ministério do Meio Ambiente que considera incipiente os instrumentos adotados no controle de desmatamento, nesses municípios. A fiscalização atende mais a objetivos fiscais do que ambientais. As multas aplicadas entre 1999 e o ano passado, somam quase R$ 300 milhões e apenas 10% deve ser arrecadado, afirmou Gabriel.
Mary Alegreti negou que haja pressões internacionais, principalmente de Organizações Não Governamentais (ONGs) para que o Ministério do Meio Ambiente venha reeditando, por 63 vezes consecutivas, desde 1996, a MP 2080. É mentira, o Ministério sofre pressão nacional e legal da sociedade da Amazônia, através de Ongs, Governos e Congresso. Ela disse ainda que a comissão não tem um parecer conclusivo sobre a proposta importante de Rondônia, mas que está sendo estudada uma forma de flexibilizar para inserir os pontos de consenso.
A Comissão Mista do Congresso que estuda alterações na MP 2080 para onde foi remetida a proposta do Governo de Rondônia deve se reunir logo após o recesso, em agosto, para votação do parecer do relator Moacir Micheletto (PMDB-PR). Ele já antecipou ser favorável a proposta de Rondônia e que estuda uma forma de inserir no relatório que a União promova o zoneamento em todos os estados. Zoneamento na escala de 1 para 250 mil só Rondônia fez até agora. No Acre e Tocantins se faz um zoneamento na escala de 1 para milhão.
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