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Ronaldo fenômeno, Ney Mato Grosso, Milton Nascimento falam sobre os direitos dos povos indígenas

Ava Marandu - http://www.pontaodeculturaguaicuru.org.br/avamarandu/
11 de Mai de 2010

Desde o começo de 2010 várias personalidades e artistas se manifestaram em prol dos direitos dos povos indígenas durante as atividades do projeto Ava Marandu - "Os Guarani convidam". Aqui alguns depoimentos, confira:

Há dez anos, como Embaixador do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento, tenho levado a todos os continentes as recomendações da ONU para o combate à fome e à pobreza. A luta contra a fome é um dos oito objetivos das "Metas de Desenvolvimento do Milênio", definidas nas conferências mundiais da ONU, ao longo dos anos 90. No ano 2000, os países-membros das Nações Unidas assumiram o compromisso de alcançar as Metas até 2015. Em 2005, os alarmantes índices de desnutrição de crianças guarani na região da Grande Dourados chamaram a atenção do mundo para a situação de extrema pobreza nas aldeias de Mato Grosso do Sul. O projeto Ava Marandu - Os Guarani Convidam recebeu o apoio da ONU por colaborar com a diminuição do preconceito contra os povos indígenas e, por consequência, para que as raízes, a cultura e a história dos guarani sejam respeitadas e preservadas. O Ava Marundu é mais um instrumento para que os guarani do Mato Grosso do Sul superem a situação de miséria e para que seus direitos humanos realmente sejam garantidos.

RONALDO NAZÁRIO,
Jogador de futebol (RJ)

As pessoas falam que eu danço que nem índio, de uma maneira quebrada, diferente, num contratempo. Eu nunca fiz isso conscientemente, surgiu. Eu carrego isso na genética, pela minha ascendência dos índios cavaleiros, (os Guaicuru). Minha bisavó era índia. Desde o início, essa herança está sempre presente em meu trabalho, aflora. Corre sangue indígena em minhas veias e eu tenho muito orgulho disso. Hoje alguma coisa está acontecendo dentro da comunidade indígena, uma consciência de que eles tem que se juntar para dar um depoimento para o Brasil. Eu vejo este movimento, como algo muito importante, para nós sobretudo, não só para eles. Espero que ele seja visto com seriedade pelas autoridades de nosso país. Especialmente em Mato Grosso do Sul, que está muito devastado pela soja. Falo de um Estado em que eu viajava um dia inteiro, dentro do Cerrado e por meio de florestas altas. A última vez que fiz essa viagem eu quase chorei, pois só vi soja. Fiquei com a impressão de que nosso Estado está seriamente ameaçado por uma catástrofe. A única salvaguarda é a cultura indígena, que não é destrutiva como a nossa. Temos muito a aprender com eles, que tratam a natureza como algo sagrado. Para os índios essa convivência é natural, eles não precisam fazer força pra entender isso. Vamos ter que reativar esse conceito dentro de nós, antes que seja tarde, pois a natureza se rebela, e tem dado evidências. Falta tolerância. Nós rancos, somos intolerantes. A gente tem que olhar para os índios como seres humanos. Se você passa a olhar desse modo, começa a ter que respeitá-los minimamente. Saber que isto existe (o Ava Marandu) gera um sentimento dentro de mim, que nem tudo está perdido.

NEY MATOGROSSO,
Cantor e compositor (MS)

Minha expectativa é muito boa, porque eu tenho uma parceria de muitos anos com a Aliança dos Povos da Floresta, e esse convite dos Guarani para participar deste ato em Campo Grande me deu muita alegria. Inclusive eu estou até me sentindo mais importante.

MILTON NASCIMENTO,
Cantor e compositor (RJ/MG)

En el mes de marzo de 1969 comenzaron una serie de experiencias que cambiaron mi vida. Desde que fui admitido en una comunidad Mbyá de Caaguasú sentí que había otro modo de vida real y posible. La experiencia se fue extendiendo al participar de la vida de los Avá-Guaraní del Alto Paraná y a fines de 1971 del trabajo con los Paî-Tavyterâ del Amambay. En toda esa expriencia hay dos prácticas relevantes: caminar con los Guaraní, danzar con los Guaraní. Caminar con los Guaraní es ir descubriendo otro mundo con otra mirada y con otros nombres; danzar con los Guaraní es sentir que la Palabra lo es Todo y que Todo es Palabra. Me preocupa que la educación de los Guaraní olvida fácilmente esas dos dimensiones; sin ellos sospecho que los Guaraní dejarán de ser Guaraní.

BARTOMEU MELIÁ,
Etno-historiador (PY)

Este projeto é extremamente interessante. Para nós da ONU é um prazer apoiá-lo, porque ele está na direção justa, que é contribuir para que as pessoas, a opinião pública, entenda, compreenda, aprenda que as culturas indígenas têm raízes, história, tradição e faz parte do país como um todo.

GIANCARLO SUMMA,
Diretor do Centro de Informação das Nações Unidas para o Brasil (UNIC - Rio de Janeiro)

Mato Grosso encerra em sua própria terra sonhos guaranis.

PAULO SIMÕES,
Músico e compositor (MS)

Não sou diferente de ninguém, porque o que muda mesmo é a pele, os cabelos e o olhar. A mudança pra mim é trabalhar junto, em parceria. Porque o mesmo que eu preciso, os outros precisam também, que é viver em paz, tranquilidade e a terra em primeiro lugar. Porque tudo que a gente come é também da terra.

AMBROSIO VILHALVA,
Cacique guarani kaiowá da aldeia Guyra Roka e ator do filme Terra Vermelha (MS)

Fiquei muito apaixonado com tudo isso. Essa é nossa terra, onde meu pai, meu avô,
meu bizavô viveram. Eu queria mostrar meu rastro, quero que essas crianças pisem também nele.

ROSALINO ORTIZ,
Cacique da aldeia YvY Katu (MS)

No basta más sólo respetar, es necesario convivir.

IVÁN MOLINA,
Cineasta (BO)

Lembrar o passado é importante, para nós que já somos velhos e para eu que sou cacique. É importante para os jovens fazerem este trabalho com a cultura Guarani.

GETÚLIO JUCA,
Cacique da aldeia Jaguapiru (MS)

Quando comecei a trabalhar com antropologia me deixaram numa aldeia e me disseram que em dez dias voltavam para me buscar. Nesse tempo minha cabeça virou totalmente, os guarani me "vacinaram", me mostraram que são realmente afáveis, simpáticos, agradáveis e que eu poderia estar com eles. Essa é outra razão também pela qual ontinuo
trabalhando com eles.

RUBEM THOMAZ DE ALMEIDA,
Antropólogo (RJ)

Beneficia os adolescentes. É muito importante eles desenvolverem este trabalho dentro e fora da comunidade.

RUBENS AQUINO,
Cacique da aldeia Amambaí (MS)

http://www.pontaodeculturaguaicuru.org.br/avamarandu/noticia.php?not_id…

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