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Rock in Rio chega à Amazônia via restauração de 73 milhões de árvores

Valor Econômico - http://www.valor.com.br/brasil
Autor: CHIARETTI, Daniela
15 de Set de 2017

Rock in Rio chega à Amazônia via restauração de 73 milhões de árvores

Daniela Chiaretti

SÃO PAULO - O Rock in Rio está envolvido em uma iniciativa que vem sendo rotulada como a maior restauração florestal da Amazônia. A intenção é recuperar, em seis anos, quase 30 mil hectares de florestas. Isso significa, em estimativa, cerca de 73 milhões de árvores.
A ação, anunciada na abertura do festival, é uma parceria entre o Ministério do Meio Ambiente (MMA) e o Fundo Global do Meio Ambiente (GEF - Global Environment Facility), um dos maiores financiadores ambientais do mundo. Envolve também o Banco Mundial e o Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio), que irá gerir os recursos. A iniciativa soma ainda a organização não governamental Conservação Internacional (CI-Brasil) e o Rock in Rio através de seu projeto socioambiental, o Amazonia Live.
"A Amazônia e sua preservação é o nosso principal tema", diz Roberta Medina, vice-presidente do festival. "Usaremos a musculatura do nosso canal de comunicação com a mesma mensagem", continua.
A plataforma Amazonia Live nasceu com o compromisso de divulgar a importância da preservação da Amazônia para o equilíbrio do planeta. A parceria entre Amazonia Live, o governo e organismos nacionais e internacionais surgiu em 2016 quando o Rock in Rio, a CI-Brasil, o Funbio e o ISA se comprometeram a restaurar cerca de 1,5 milhão de árvores nas cabeceiras do rio Xingu.
A iniciativa foi crescendo em número de árvores e em parceiros. Quem compra ingressos começou a ter a opção de plantar sua árvore também. O número logo saltou para três milhões de árvores.
"Em conversas com Banco Mundial, soubemos que estava iniciando o maior projeto de restauração do país. Por que não unir forças?", continua Roberta. "A mensagem mais importante é que é possível restaurar a Amazônia, que podemos fazer."
O apoio do Rock in Rio ocorre com sua força de comunicação. O festival tem 12 milhões de pessoas conectadas nas redes sociais. "Vamos propagar esta mensagem em campanha de TV, jornais, rádios, redes sociais", diz Roberta. "Estamos criando um canal onde as pessoas podem fazer uma ação concreta.
Nossa ideia é atuar na mudança de comportamento", continua.
"O Rock in Rio é um festival adorado no Brasil e uma máquina de comunicação. Pensamos em uma maneira de usar tudo isso para uma causa que é muito importante", diz Rodrigo Medeiros, vice-presidente da CI-Brasil. "É um chamado para toda a sociedade, de reverter a destruição que vem sendo feita na Amazônia nos últimos 50 anos. Temos um dever moral e uma oportunidade a partir da restauração de criar alternativas econômicas de renda para as comunidades que vivem ali."
Restauração florestal é um processo complexo. "As pessoas acham que basta comprar um monte de muda, que elas já existem, que já estão prontas, que é só plantar e as mudas irão crescer. Isso é um erro enorme", diz Medeiros. "Queremos criar várias oportunidades de trabalho na Amazônia. Tem muita gente que está jogada na cadeia do desmatamento por falta de oportunidade econômica."
Um dos exemplos mais bem-sucedidos da conexão entre restaurar e gerar renda para as comunidades que vivem na Amazônia acontece há 10 anos, reúne grupos indígenas de várias etnias, assentados rurais, agricultores familiares e extrativistas que coletam sementes da Amazônia e do Cerrado na Rede de Sementes do Xingu. A iniciativa do Instituto Socioambiental (ISA) nasceu como um esforço para restaurar as cabeceiras do rio Xingu e se transformou em um exemplo de negócio social com base florestal na Amazônia.
Na primeira fase do projeto de restauração do Rock in Rio, em 2016, técnicos do ISA plantaram 800 mil árvores na Amazônia e este ano serão mais 700 mil, em parceria com a Rede de Sementes do Xingu. "O valor desta iniciativa é de colocar um compromisso concreto de restaurar a Amazônia, algo que não é simples, que demanda um esforço coletivo de diferentes atores e que irá gerar um conjunto de benefícios difusos para a sociedade", diz Rodrigo Junqueira, coordenador do Programa Xingu do ISA.
"Não basta só conservar a Amazônia, mas temos que restaurar também os processos ecológicos que foram destruídos", continua Junqueira. "Esta é uma iniciativa de grande visibilidade, que coloca a questão para a sociedade de maneira ampla. Tomara que outros setores e empresas possam entender esta mensagem e fazer iniciativas similares", segue Junqueira.
Das 73 milhões de árvores, 3 milhões já estavam previamente asseguradas em 1.200 hectares de floresta amazônica. Foi uma contribuição inicial do Rock in Rio e da CI-Brasil combinada à doação espontânea do público e o apoio de patrocinadores do festival.
Os 70 milhões adicionais fazem parte das metas do projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia projeto do GEF, coordenado pelo MMA, com implementação do Banco Mundial e execução do Funbio e CIBrasil.
Ele existe também na Amazônia peruana e colombiana.
No projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia, está prevista a recuperação de 28 mil hectares de áreas degradadas até 2023. Nem tudo, contudo, com sementes ou mudas. Em áreas que já têm algum sinal de recuperação, a ideia é enriquecer as florestas secundárias semeando com espécies nativas ou deixando a regeneração natural acontecer.
A parte brasileira do projeto Paisagens Sustentáveis tem investimento de US$ 60 milhões nos próximos seis anos, do GEF. Desse volume, US$ 30 milhões fazem parte do Programa de Áreas Protegidas da Amazônia (Arpa), a maior iniciativa de proteção de florestas tropicais do mundo, do MMA e gerido pelo Funbio. Os outros US$ 30 milhões serão executados pela CI-Brasil. Estima-se que os US$ 8 milhões irão para a restauração florestal e o restante para outras iniciativas da Amazônia.
As áreas prioritárias escolhidas para as ações de recuperação do projeto são o sul do Amazonas, Rondônia, Acre e Pará.
"A mudança climática é forte ameaça para o desenvolvimento global, aumentando a instabilidade e contribuindo para a pobreza e os fluxos migratórios", disse Martin Raiser, diretor do Banco Mundial para o Brasil, em nota divulgada à imprensa. "O projeto Paisagens Sustentáveis da Amazônia busca proteger a biodiversidade e melhorar o manejo florestal em paisagens críticas, a fim de resguardar os meios de subsistência das comunidades locais e o bem-estar do planeta a longo prazo", continuou.
"O nosso movimento sempre foi usar o Rock in Rio como um canal de abertura de causas, mas trabalhando nelas com a perspectiva da solução", diz Roberta Medina. Em 2001, o Rock in Rio criou a marca "Rock in Rio para um mundo melhor" e uma iniciativa social que investiu R$ 70 milhões no apoio a diversas iniciativas.

http://www.valor.com.br/brasil/5121492/rock-rio-chega-amazonia-restaura…

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