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Rio já se adapta contra aumento do nível do mar

O Globo, Ciência, p. 34
27 de Nov de 2009

Rio já se adapta contra aumento do nível do mar
Redução nas emissões de gases-estufa amenizaria mudanças climáticas previstas até o fim do século

Renato Grandelle

Às vésperas do início da Reunião sobre Mudanças Climáticas da ONU, em Copenhague, o prefeito Eduardo Paes anuncia hoje que a cidade terá suas próprias metas de redução nas emissões de gases-estufa. Em 2012, o corte será de 8%, em relação ao que foi registrado em 2005. As metas crescem para 16% em 2016 - ano das Olimpíadas - e 20% em 2020. O objetivo é mitigar consequências de mudanças climáticas que poderiam afetar 1,4 milhão de pessoas.

Por trás do cálculo está um grupo de trabalho da Unicamp e do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), que estuda como o clima pode afetar Rio e São Paulo até o fim do século. Um relatório preliminar indica que os alagamentos e enchentes, tão comuns no cenário carioca esta época do ano, poderão provocar danos sérios, nas próximas décadas, para moradoras de regiões com até cinco metros de altitude e suscetíveis ao aumento do nível do mar.

Paes assinará seis decretos para garantir o seu compromisso com o projeto. Entre as principais medidas estão o reflorestamento de 1,5 mil hectares e o lançamento de um plano de gestão de resíduos. Das 4 mil toneladas de lixo recolhidas por dia, apenas 19 são recicladas. A meta é chegar a 85 toneladas.

- Muitas previsões esperadas para o fim do século já fazem parte de nossa realidade - alerta Sérgio Besserman, presidente da Câmara de Desenvolvimento Sustentável da Prefeitura. - Nosso esforço é fazer com que os gestores adotem essas projeções. A prefeitura tem grandes projetos para a Zona Portuária. Então, é importante que saiba como o nível do mar pode subir naquela região.

O grupo de trabalho, financiado pelo Fundo de Oportunidades Globais, ainda não sabe quanto custaria a adaptação da cidade. Besserman, porém, está certo de que remediá-las a partir de agora sai mais barato do que combatê-las depois.

- Além do impacto físico, precisamos considerar a repercussão econômica dessas mudanças - avalia. - O custo de nossa inércia seria gigantesco. O Rio é uma cidade mundialmente associada à sustentabilidade. Sem essa marca, perdemos emprego e renda.

Em São Paulo, preocupação é com inversão térmica
Enquanto São Paulo discute as consequências da inversão térmica, entre os cariocas o maior motivo de preocupação é o aumento do nível do mar - que seria de 40 centímetros a 1,5 metro. A faixa de areia das praias de Copacabana, Ipanema e Leblon poderá ser reduzida pelo mar. Os alagamentos vão se tornar mais frequentes nas áreas dos aeroportos e do porto. Outra região afetada seria a orla de lagunas, especialmente na Barra e em Jacarepaguá. O aumento do espelho d'água nessas regiões inviabilizaria a ocupação humana em parte do Recreio e de Vargem Grande.

Os invernos ficarão mais secos e com ondas de calor constantes, especialmente na Zona Norte. A mudança na distribuição de chuvas pode afetar o abastecimento de água. Os lençóis freáticos, já cheios, podem entrar em contato com a rede de esgotos - e, assim, ficarem contaminados. O consumo de água poluída aumentaria a procura pela rede de saúde.

O Globo, 27/11/2009, Ciência, p. 34

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