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Rio Amazonas seria maior que o Nilo

O Globo, Ciencia e Vida, p.46
17 de Dez de 2005

Rio Amazonas seria maior que Nilo
Inpe desenvolve uma tecnologia para medir extensão de cursos de água
A se confirmarem as novas medições dos maiores rios do mundo feitas por um método de sensoriamento remoto desenvolvido no Brasil, o Amazonas desbanca o Nilo do posto de maior do planeta em extensão.
Desenvolvido no Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), o novo método utiliza a tecnologia de observação da Terra por satélites para medir as bacias hidrográficas. O estudo acompanhou o curso do Nilo desde o delta no Mar Mediterrâneo até o Lago Vitória, em Uganda.
De acordo com a nova análise, o comprimento do Nilo seria de 6.614 quilômetros, um pouco menos extenso, portanto, que os 6.670 quilômetros oficiais. Esta diferença pode estar associada à perda em comprimento provocada pela construção do Lago Nasser na represa de Aswan.
Os pesquisadores Paulo Roberto Martini e Valdete Duarte, da Divisão de Sensoriamento Remoto do Inpe, responsáveis pelo desenvolvimento da nova metodologia, estão fazendo o mesmo estudo com o Rio Amazonas.
— A interpretação do Amazonas é mais complexa porque seu leito principal é facilmente confundido com cursos alternativos na forma de paranás, meandros e enlaces com outros tributários — explica Martini. — Exemplo disso é o que se observa em frente à cidade de Santarém, no Pará.
Na região, o rio praticamente se divide em dois cursos. Para os especialistas, não é simples definir qual deles seria o verdadeiro Amazonas: o de maior volume ou o que percorre as barrancas de formações geológicas mais antigas e de maior profundidade. Se for o primeiro, o trecho do rio tem ao redor de dez quilômetros. Mas, se for o segundo, pode atingir 54 quilômetros.
Por isso, as análises feitas até agora do Amazonas apontam duas medidas para o rio: 6.627 quilômetros ou 6.992 quilômetros, dependendo do percurso escolhido. De toda forma, superior à medida oficial do Amazonas, de 6.570 quilômetros e à extensão do Nilo.
Os especialistas pretendem enviar as medidas finais obtidas pela nova metodologia aos órgãos competentes, que poderão usá-las para atualizar as informações sobre os rios.
O uso de imagens de satélite dispensa a necessidade de tomar medidas topográficas ao longo do curso dos rios.

O Globo, 17/12/2005, p. 46

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