Rede de Sementes do Xingu - www.sementesdoxingu.org.br
Autor: Rafael Govari
06 de Mai de 2015
Coordenadores dos grupos de coletores do Parque Indígena se reuniram para alinhar o planejamento e aprofundar o entendimento sobre a Rede de Sementes do Xingu
"Abriu mais a mente", disse Purüajup Kaiabi, coordenador do grupo de coletores da aldeia Tuiararé, no PIX (Parque Indígena do Xingu). Purüajup foi um dos presentes na 1ª Reunião com Coordenadores Indígenas da Rede de Sementes do Xingu nas Aldeias do PIX, que aconteceu nos dias 04 e 05 de abril, no Polo Pavuru, no Médio Xingu.
As lideranças presentes coordenam grupos de oito aldeias das etnias Ikpeng, Waurá e Kawaiwete. Ao todo, o PIX tem grupos de coletores de sementes florestais em 10 aldeias de quatro etnias (Ikpeng, Waurá, Kawaiwete e Yudja), somando 173 coletores. Em 2014, o núcleo do PIX coletou e vendeu mais de uma tonelada de sementes florestais, o que rendeu mais de 41 mil reais para os coletores indígenas.
O elo da Rede de Sementes do Xingu (RSX) no núcleo do Parque Indígena, Dannyel Sá, disse que além do balanço dos resultados de 2014, foram realizados a avaliação da última safra, o planejamento da produção deste ano e passadas informações sobre o funcionamento da RSX, capacitando os coordenadores, como Purüajup Kaiabi.
Além disso, os participantes debateram sobre a sucessão geracional dos coordenadores, conversaram como o trabalho dos coordenadores reflete na expectativa dos coletores, e ainda discutiram sobre o envolvimento com as associações locais.
Outro que também se mostrou muito satisfeito com a reunião foi o coordenador do grupo de coletores da aldeia Piyulaga, Tirawa Waurá. Ele falou sobre a troca de experiências, a qual possibilitou a adequação do fluxograma sobre o funcionamento da Rede nas aldeias do PIX, além do fechamento de acordos: "A reunião foi muito importante para aprender com a experiência em cada comunidade. Queremos que os encontros aconteçam mais vezes" disse.
Conforme Dannyel Sá, a RSX tem vários núcleos de coletores na região Xingu/Araguaia, onde cada um possui seus elos, que possuem contato com a Rede. Mas no PIX, explicou, são vários grupos que formam um único núcleo, cada um com seu coordenador ou equipe de coordenação. A distância e dificuldade de locomoção, muitas vezes limita a aproximação entre os grupos para convergir as ações, especialmente porque algumas vezes nem todos os coordenadores das aldeias conseguem participar das reuniões e capacitações da RSX.
"Em função da grande diversidade de realidades entre as comunidades do PIX que participam da RSX, conseguimos alinhar a compreensão dos processos gerais da RSX e das demandas específicas das comunidades, trocando experiências dos processos organizacionais e técnicos, para vislumbrar em conjunto os próximos passos da iniciativa. Por isso a reunião foi tão importante para os grupos do Parque", disse Dannyel.
Atualmente o Parque possui duas casas de sementes para armazenamento prontas, no Polo Pavuru, pertencente a Associação Indígena Moygu - Comunidade Ikpeng (AIMCI), que foi construída no ano passado com recursos do FAM (Fundo Amazônia), dentro do projeto Sociobiodiversidade Produtiva no Xingu; e outra, na aldeia Tuba Tuba, do povo Yudja, na região do baixo PIX. Nas próximas semanas começará a construção de uma terceira casa, na aldeia Piyulaga, também com recursos do FAM.
O trabalho da RSX no PIX está inserido dentro de uma estratégia de desenvolver atividades econômicas sustentáveis para garantir uma alternativa de renda que seja fruto de um trabalho responsável com os produtos da floresta. Para os indígenas do Parque, entra também a ajuda na proteção do rio Xingu, sua grande preocupação, pois coletando sementes, eles ajudam a reflorestar as cabeceiras do rio Xingu, que estão fora do Parque.
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