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Responsabilidade social ganha papel central na estratégia das empresas

OESP, Economia, p. B22
13 de Jun de 2007

Responsabilidade social ganha papel central na estratégia das empresas
Para presidente do Instituto Ethos, porém, isso não significa que os grupos já sejam socialmente responsáveis

Andrea Vialli

O movimento global de sustentabilidade nas empresas deverá seguir quatro grandes tendências nos próximos anos, de acordo com estudo realizado pela consultoria britânica SustainAbility. O trabalho foi divulgado na Conferência Internacional do Instituto Ethos, que teve início ontem em São Paulo.

O estudo foi baseado no modo como as empresas estão incluindo as questões sociais e ambientais nas suas estratégias de negócios, e mostra que há quatro principais cenários. Em um contexto, a sociedade consegue atender às demandas sociais sem degradar o meio ambiente. Em outro cenário, há ganhos ambientais, mas a população mais pobre não se beneficia, pois há retração da economia. Em outra projeção, as demandas sociais são atendidas, mas aspectos ambientais são deixados de lado. No quarto cenário, nem as demandas sociais nem o meio ambiente conseguem avanços significativos.

Os cenários representam possíveis rumos que o movimento da sustentabilidade nas empresas deve tomar nos próximos anos. Para Ricardo Young, presidente do Instituto Ethos, todos os cenários envolvem ainda o crescimento da importância dos países emergentes e o aumento da urbanização. 'Esses cenários são compostos a partir do cruzamento de duas variáveis, a social e a ambiental, mas deixam de fora a variável da tecnologia e seu poder de revolucionar padrões de produção e consumo', diz.

'Responsabilidade social empresarial não é um fim em si, e sim um meio de se chegar à eqüidade social, preservação ambiental e geração e distribuição de riqueza', diz Aron Cramer, presidente do Business for Social Responsibility (BSR), organização britânica que orienta empresas em suas estratégias de sustentabilidade.

A consultoria SustainAbility inovou o conceito de gestão tradicional ao incorporar questões sociais e ambientais às estratégias empresariais. Difundiu, entre outras coisas, a prática de relatórios de responsabilidade corporativa.

Segundo Young, do Ethos, a responsabilidade social dentro das empresas começa a ganhar mais força no Brasil. 'Duas coisas estão acontecendo e são convergentes', diz. 'No começo, a preocupação era mostrar que responsabilidade social era importante. Do ano passado para cá, o tema deixou de ser um apêndice na estratégia das empresas e passou a ter papel central na formulação das estratégias das empresas - o que não quer dizer que as empresas são socialmente responsáveis.'

EVENTO

O dilema das empresas de incorporar a sustentabilidade nas estratégias de negócios, ao mesmo tempo em que são pressionadas a apresentar resultados financeiros de curto prazo, deve permear as discussões da Conferência Internacional do Instituto Ethos.

A conferência foi aberta com um debate sobre responsabilidade social nas empresas de comunicação. O modo como essas empresas estão colocando o tema em pauta e na gestão das empresas esteve no centro das discussões. 'Estamos em um processo de depuração da cobertura jornalística sobre sustentabilidade', disse o diretor de conteúdo do Grupo Estado, Ricardo Gandour. Também participaram do debate Antonio Manuel Teixeira Mendes, diretor-superintendente do Grupo Folha, Caco de Paula, diretor do núcleo de turismo da Editora Abril, e Albert Alcouloumbre Junior, diretor de planejamento e projetos social da Central Globo de Comunicação.

OESP, 13/06/2007, Economia, p. B22

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