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Resgate da herança linguística no estado

Diário de Natal - http://www.diariodenatal.com.br
01 de Jul de 2010

O caso do ensino do guarani no Rio Grande do Norte tem início no município paraibano da Baía da Traição - território tradicional dos índios Potiguara, pertencentes à grande família tupi-guarani, das mais poderosas tribos nordestinas. Um grupo de tupinólogos foi convidado a ensinar o guarani na aldeia Acajutibiró. Lá, os índios mais antigos misturavam o tupi com o português. Partiu deles o pedido para recuperar a herança linguística de seus antepassados. "Eu pedi que fossem à Funai (Fundação Nacional do Índio) porque há um movimento nacional de resgate da língua guarani a partir da formação de professores para ensinarem nas universidades", sugeriu Aucides Sales.

O líder do movimento é o professor da USP Eduardo Navarro. Ele morou seis meses na aldeia Acajutibiró e formou 18 professores indígenas, hoje atuantes em 30 aldeias da reserva, já com ramificações nas aldeias do Ceará e Espírito Santo. Aucides explica que a partir do ensino da língua na aldeia, os índios resgataram antigas práticas culturais. "A línguaé o espírito da cultura. Tudo nasce em torno dela", ressalta.

Aucides iniciou, em 2002, o intercâmbio cultural entre os índios da Baía da Traição e a comunidade do Catu, em Canguaretama - também tradicional município indígena, hoje com cerca de 7 mil índios. Hoje, a cidade potiguar tem a língua tupi-guarani como oficial. Após essa iniciativa, no ano passado, mais três grupos indígenas potiguares pediram reconhecimento de suas identidades à Funai: a comunidade do Amarelão (João Câmara), Janduís (Assu) e Sagi. Segundo Aucides, apenas no estado há 18 grupos indígenas. O de Caraúbas é dos maiores, com 6 mil índios. O município de Vila Flor, a 4 quilômetros de Canguarema, tem maioria indígena.

Em Natal, Aucides coordena o Centro de Estudos Indígenas de Igapó. A entidade tenta implantar o ensino do tupi-guarani nas escolas e é responsável pela formação de novos professores de ensino da língua, promoção de eventos relacionados à cultura indígena e de projetos sociais.

História do tupi

Grande parte das tribos indígenas que habitavam o litoral brasileiro, quando da chegada dos portugueses ao Brasil em 1500, falava línguas pertencentes à dita família tupi-guarani. Segundo explicação de Aucides Sales, a língua tupi - da catequese, escrita pelo padre Anchieta - foi proibida no Brasil em 1755 pelo Marquês de Pombal. O motivo foi um atentado contra o rei de Portugal, Dom José I. Jesuítas foram acusados e expulsos do reino. Ainda decorrente do fato, o Marquês de Pombal proibiu a escravidão indígena; liberou o casamento entre índios e portugueses; e a posse de terras dos jesuítas pelos índios.

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