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Recurso para áreas protegidas deve dobrar

FSP, Ciência, p. A20
16 de Fev de 2008

Recurso para áreas protegidas deve dobrar
Estudo diz que número ideal de funcionários nas unidades de conservação precisa mais do que triplicar

Eduardo Geraque

Um novo estudo mostra o tamanho do desafio de cuidar das unidades de conservação brasileiras: para que essas áreas ganhem proteção adequada, as verbas precisariam pelo menos dobrar e o número de funcionários mais do que triplicar.

"Esse primeiro estudo serviu para nós termos a dimensão real do problema", afirma Ana Cristina Barros, da ONG TNC (The Nature Conservancy), que participou da elaboração do relatório "Pilares para o plano de sustentabilidade financeira do sistema nacional de unidades de conservação", um levantamento feito a pedido do MMA (Ministério do Meio Ambiente) para dimensionar o problema.

Em números de 2006, o Snuc (Sistema Nacional de Unidades de Conservação) recebeu de várias fontes estatais R$ 229,9 milhões. Porém, o estudo apresentado agora mostra que o ideal seria ter um orçamento anual de R$ 466,5 milhões. Deste total, R$ 335,6 milhões seriam destinados para a rubrica dos recursos humanos. "Este é o custo mínimo para o sistema funcionar", explica Barros.

O déficit detectado pela pesquisa é maior quando o exame é feito na folha de pagamento das unidades de conservação federais. No total, existem hoje 2.030 pessoas trabalhando em todo o sistema. Pela estimativa feita agora, o ideal seria ter, pelo menos, 9.075 funcionários. Isso significa que é necessário ocorrer um aumento de 3,47 vezes nas contratações.
Na comparação com os Estados Unidos (veja quadro acima), a defasagem de pessoal fica ainda mais gritante.

Enquanto no Brasil são 720 unidades de conservação federais para 2.030 pessoas -nem todas sempre em campo-, nos Estados Unidos são 20 mil funcionários para 388 zonas protegidas. Em área, o território sob proteção em tese no Brasil é o dobro do norte-americano.

Para que a situação em terras brasileiras possa melhorar nos próximos anos, o relatório também elencou quais são as mais novas e promissoras fontes de recursos econômicos para o Snuc. Além do Fundo de Áreas Protegidas, que poderia arrecadar até R$ 30 milhões por ano, as concessões de florestas nacionais, como o governo já tenta fazer em Rondônia (leia texto à dir.), também é um caminho interessante, diz o estudo.

A projeção, neste item específico, é que os cofres públicos consigam arrecadar R$ 31 milhões anuais com o arredamento de florestas.

Parques sem guarda
EUA têm metade da área de parques do Brasil e dez vezes mais funcionários

EUA
340 mil quilômetros quadrados
388 unidades de conservação federais
20 mil funcionários - 1 por 17 km2

Brasil
700 mil quilômetros quadrados
720 unidades de conservação federais
2.030 funcionários - 1 por 335 km2

FSP, 16/02/2008, Ciência, p. A20

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