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Recuperação da área atingida, um desafio sem precedentes

O Globo, País, p. 6
Autor: WAACK, Roberto
07 de Nov de 2016

Recuperação da área atingida, um desafio sem precedentes

Roberto Waack

MARIANA (MG) - O biólogo e executivo Roberto Waack é o presidente da Fundação Renova, encarregada da reparação da restauração e da reconstrução de toda a área do desastre ambiental que destruiu distritos de Mariana (MG). Acostumado a resolver conflitos ambientais, ele reconhece que esse é um grande desafio em sua carreira, que inclui a participação nos conselhos do WWF, do Ethos, do Fundo Brasileiro para a Biodiversidade (Funbio) entre outros.
Quanto tempo vai levar para recuperar as áreas afetadas? O Termo de Transação de Ajustamento de Conduta fala em 15 anos.
Acho que não vai levar tudo isso. Estou convencido de que teremos resultados antes disso.
O quão factível é retirar a lama?
A retirada em algumas áreas não é possível. Em algumas será preciso revegetar. Não são soluções imediatas, de curto prazo.
Em quanto tempo haverá uma recuperação das matas e nascentes ?
Em dois anos teremos uma situação completamente diferente em termos de paisagem, de ambiente. No primeiro momento, a prioridade é a emergência, é conter a lama.
E há conhecimento para resolver os problemas de tamanho desastre?
É preciso usar a ciência e encontrar novas soluções na fronteira do conhecimento. Nosso esforço no ano que vem será ter articulação com a academia, com instituições, como o Ibio e o Instituto Mineiro de Gestão de Águas (Igam) para encontrar soluções. Em dois ou três anos teremos resultados. O mais importante é ter a gestão da paisagem . Integrar conservação e produção.
E como isso será feito?
Com a participação dos proprietários. Precisam entender que será bom para eles. Você precisar ter acordos sociais para que os pequenos produtores possam cumprir o Código Florestal, ajudá-los a fazer isso sem perder a produção.
E qual a solução?
Com a integração da floresta com a pecuária e a agricultura. Isso é feito com tecnologia para a intensificação da produção, de forma que as áreas de APPs e de reserva legal sejam respeitadas. Temos os recursos e a capacidade de mobilização para isso.
A área de Fundão a Candonga tem populações muito pobres e a situação ficou ainda pior. Há projetos para elas?
Sim. Ali há potencial turístico e de valorização e estímulo a produtos locais, como a pimenta-biquinho e a cachaça. Daqui a cinco ou oito anos poderemos ter mudanças positivas. Podem achar que sou maluco, mas vejo essa região como modelo no futuro.
E o que será feito por lugares que estão hoje devastados e abandonados, como Paracatu de Baixo?
Paracatu está interditado por uma ação do MP. Mas não justifica o abandono. Tem que ser resolvido.
Qual o seu maior desafio?
É o compromisso a longo prazo com o Rio Doce e sua bacia.

O Globo, 07/11/2016, País, p. 6

http://oglobo.globo.com/brasil/presidente-de-fundacao-reconhece-que-nao…

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