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Queimadas sufocam todo o Acre

CB, Brasil, p.17
22 de Set de 2005

Queimadas sufocam todo o Acre
Governador Jorge Viana decreta estado de emergência no estado. Duas mil pessoas protestam no centro de Rio Branco, cobrando providências por causa da fumaça. Foram registrados 1.068 focos de incêndio
Da Redação
Cerca de duas mil pessoas, muitas usando máscaras cirúrgicas, paralisaram ontem, o centro de Rio Branco (AC) em protesto. Realizaram passeata cívica cobrando providências das autoridades contra a fumaça das queimadas, que cobre todo o estado. O protesto terminou com a Assembléia Legislativa invadida. Os manifestantes gritavam palavras de ordem: Ar, ar, ar, queremos respirar”.
O governador do Acre, Jorge Viana (PT), decretou estado de emergência, por sugestão do Ministério Público estadual. A intenção é envolver o governo federal no problema, além de garantir compras emergenciais – como de remédios – sem licitação para prestar atendimento às vítimas da poluição ambiental. Dos 800 atendimentos diários no pronto-socorro de Rio Branco, 40% são provocados por problemas respiratórios decorrentes da fumaça.
Todo o estado do Acre permanece encoberto pela fumaça das queimadas desde julho. O problema, sazonal, se repete todos os anos. O Ministério Público baixou portaria proibindo uso do fogo nas lavouras e na cidade. Mas não adiantou. Foram registradas 1.068 queimadas entre domingo e terça-feira.
A emergência foi declarada em reunião de Viana com o prefeito de Rio Branco, Raimundo Angelim, e integrantes do MPE. A passeata teve organização do Sindicato dos Urbanitários, que reúne funcionários das estatais de saneamento e energia, entre outros. Alguém tinha que convocar a sociedade para manifestar sua indignação”, disse Marcelo Jucá, presidente do sindicato.
Prejuízos
Viana decretou estado de emergência nos vales do alto e baixo Acre, atendendo a pedido de prefeitos dos municípios mais atingidos pelas queimadas, como Acrelândia, Bujari, Assis Brasil e Rio Branco. Em Acrelândia, o prefeito Sebastião Bocalon (PSDB) denuncia que mais da metade da área territorial do município já foi destruída pelas queimadas, provocando prejuízos superiores a R$ 14 milhões, segundo levantamento realizado no início do mês. Como as queimadas não cessaram, os danos materiais e financeiros aumentaram, atingindo principalmente a agricultura e a pecuária. A produção leiteira caiu a níveis jamais vistos e o preço das rezes também. Os animais estão emagrecendo por falta de pasto, em grande parte destruídos pelo fogo.
Segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Especiais (Inpe), com base em informações fornecidas por satélites, foram registrados 42.740 focos de calor nos últimos quatro dias somente nos estados de Mato Groso, Rondônia, Tocantins, Pará e Maranhão. No Acre, os focos somaram 1.068.
A concentração intensa de nuvens de fumaça tem resultado no aumento crescente de doenças respiratórias preponderantemente em crianças e idosos em hospitais públicos e privados, dificultando a visibilidade nas estradas. A situação provocou o fechamento de aeroportos com o conseqüente cancelamento de pousos e decolagens em Rio Branco e Cruzeiro do Sul. Esta é a maior concentração de fumaça já registrada na história recente do Acre.
A situação de emergência permite que tanto o estado quanto as prefeituras aloquem recursos humanos e materiais, em caráter de urgência, para o combate ao fogo e às suas conseqüências.
Segundo a promotora da Coordenadoria de Defesa do Meio Ambiente, Patrícia Rego, a execução do plano emergencial de atuação será acompanhada pelo Ministério Público Estadual na condição de órgão fiscalizador, responsabilizando penal e criminalmente os responsáveis pela propagação do fogo no estado. Inclusive os agentes públicos, se for o caso”, disse.
Após a assinatura do decreto pelo governador, uma reunião traçou o plano de ação emergencial e definiu as primeiras ações a serem tomadas a partir da decretação da situação de emergência no estado.

CB, 22/09/2005, p. 17

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