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O tempo está se esgotando, mas a janela para salvar o planeta ainda está aberta, dizem os Planetary Guardians

Valor Econômico - https://valor.globo.com/
25 de Mai de 2024

O tempo está se esgotando, mas a janela para salvar o planeta ainda está aberta, dizem os Planetary Guardians
"O que está acontecendo no Brasil, no Rio Grande do Sul, é um exemplo de que os humanos estão ampliando os riscos em todo o sistema terrestre", afirma climatologista sueco Johan Rockström

Daniella Chiarreti

25/05/2024

"O tempo está se esgotando. Temos todos os sinais" disse o climatologista sueco Johan Rockström em evento na sexta-feira, em São Paulo. "O que está acontecendo no Brasil, no Rio Grande do Sul, é um exemplo de que os humanos estão ampliando os riscos em todo o sistema terrestre."

"Hoje não se trata mais de meio ambiente. Trata-se de segurança. Trata-se de saúde. Trata-se de dignidade. A competitividade das economias segue um caminho insustentável rumo a um beco sem saída", continuou. "A transformação é necessária, mas também possível."

Rockström, que é codiretor do Potsdam Institute for Climate Impact Research, (PIK) e é famoso por estudar os limites planetários do sistema terrestre, falou durante evento do Planetary Guardians, coletivo estelar de 19 cientistas, políticos, ativistas e empresários de países, idades e etnias variadas formado pelo margnata britânico Richard Branson.

O evento no Aya Hub reuniu uma série de celebridades globais que lutam para dar visibilidade e enfrentar a emergência climática como os ex-presidentes Mary Robinson, da Irlanda, e Juan Manuel Santos, da Colômbia, as jovens ativistas climáticas Xiye Bastida, do México e a paquistanesa Aysha Siddiqa.

O encontro, com nove dos Guardiões do Planeta, incluindo Branson, celebrava o ingresso de dois novos membros - o climatologista brasileiro Carlos Nobre e a costarriquenha Christiana Figueiras, secretária-executiva da convenção do clima em 2015, quando mais de 190 governos criaram o Acordo de Paris.

"É ótimo estar no Brasil em um momento tão estratégico, com o G20 e a COP 30, quando sabemos que temos que acelerar a transformação para um futuro sustentável para a Humanidade na Terra", seguiu Rockström.

O ex-presidente colombiano Juan Manuel Santos acrescentou: "Precisamos de COPs que tomem decisões concretas. Queremos ouvir menos discursos e mais ação porque é isso que o mundo precisa imediatamente". Seguiu: "No G20, precisamos de decisões que reformem o sistema financeiro internacional. Sabemos que precisamos de um volume de recursos enorme, mas também sabemos que estes recursos devem ser distribuídos de maneira justa. Para chegarmos a um consenso, a palavra justiça é essencial".

"Sabemos que o espaço global de carbono restante na atmosfera para mantermos o limite da temperatura em 1,5oC está se esgotando tão rapidamente que só temos mais seis anos com o nível atual de emissões. A subsistência de todas as pessoas nas gerações atuais e futuras está em risco", notou o cientista sueco. "Todos precisamos nos tornar guardiões de todo o planeta."

"Carlos Nobre não precisa de nenhuma apresentação. É provavelmente uma das pessoas mais importantes do mundo neste tema e nos estudos da Amazônia", disse o ex-presidente colombiano ao convidar o brasileiro para o grupo. "Se a Amazônia não for salva, o planeta não pode ser salvo."

"A Amazônia está realmente próxima do 'tipping point', estamos todos levando a floresta, a mais diversa floresta tropical do mundo, a este ponto", disse Nobre. Ele falou sobre a importância da floresta para produzir água e chuva, reter carbono e proteger muitos ecossistemas da América Latina. "Estamos muito próximos: se superarmos 2,5oC de aquecimento e mais de 20% a 25% de desmatamento, em 30 a 50 anos, muito da floresta amazônica estará degradado. Vamos perder centenas de milhares de espécies. Estaremos realmente batendo na sexta grande extinção da biodiversidade do planeta."

Lembrou que na região vivem 42 milhões de pessoas, com 2,2 milhões de indígenas em 300 diferentes grupos étnicos. "Os povos indígenas são realmente os guardiões da Amazônia em 12 mil anos", seguiu. "Na COP 30, no Brasil, temos que ter um compromisso de sermos net-zero não mais em 2050, mas em 2040".

O brasileiro disse se sentir "muito honrado", agradeceu a família pelo apoio constante e lembrou que quando era criança, aos 11 anos, foi levado pelo pai a conhecer a Mata Atlântica. "Vi as árvores, a água, os animais. Meu pai me disse: quando você crescer, Carlos, tem que proteger as florestas. Ele não está mais aqui, mas acho que teria ficado orgulhoso de eu me tornar um Guardião do Planeta."

A jovem ativista mexicana Xiye Bastida, de 21 anos e também uma Planetary Guardian, lembrou que "todas as pessoas da minha geração viveram ou presenciaram um desastre climático. E não um, mas muitos". "Isso definirá a nossa geração em todo o mundo. Somos a geração da crise climática."

Continuou: "E é algo que nós herdamos. Esta é uma crise intergeracional, também. São os jovens e as jovens que terão que pressionar tanto quanto possível para que essa ciência se transforme em ação. Os políticos do mundo todo devem isso a nós, um mundo estável e um clima estável".

Mary Robinson, ex-presidente da Irlanda, lembrou que a COP30 é a conferência mais importante deste a COP21, que criou o Acordo de Paris.

O empresário Richard Branson, que é dono de hotéis e empresas aéreas, mencionou a busca por combustíveis limpos para a aviação. "Tenho a visão dos negócios para resolver esse tipo de problemas."

"Como empresário, sei que agora chegamos a um ponto de inflexão em que ainda há uma margem, a demanda por energia está ultrapassando a demanda por petróleo. Na verdade, escavar e explorar novos poços de petróleo não é um bom investimento. Porque a quantidade de energia renovável que virá deve significar que a demanda por petróleo começará a diminuir nos próximos anos. Isso significa que, assim como acontece com os países carboníferos, ficaremos com o petróleo no solo, não sendo usado", disse Branson.

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