OESP, Vida, p. A15
08 de Set de 2007
Projeto estuda jaguatiricas no Pontal de Paranapanema
José Maria Tomazela
Câmeras fotográficas instaladas em pontos estratégicos de fragmentos de matas em Teodoro Sampaio, no Pontal do Paranapanema, extremo oeste de São Paulo, estão sendo usadas para estudar a presença e os hábitos da jaguatirica, felino ameaçado de extinção no Estado. O estudo faz parte do projeto O Pulo do Gato, do programa de pesquisa Detetives Ecológicos da Paisagem, desenvolvido pelo Instituto de Pesquisas Ecológicas (Ipê). O objetivo, segundo o biólogo Fernando Lima, é a obtenção de dados para a preservação desses felinos.
As 14 câmeras estão distribuídas em fragmentos de floresta identificados como Santa Mônica, Lua Nova e Santa Maria dos Micos. Na primeira revisão feita nos equipamentos, foram encontrados registros de quatro jaguatiricas. Uma nova incursão está prevista para a próxima semana. Em seguida, as câmeras serão mudadas para outros locais.
As fotos dão pistas da quantidade de animais, padrões de movimento, dieta, diversidade de presas e saúde. Está prevista também a utilização de rádio-colar para o monitoramento dos animais. "É preciso identificar suas rotas para sugerir a formação de corredores florestais, como é feito com a onça-pintada e outros grandes mamíferos", diz Lima. Também participam do projeto o veterinário Cássio Peterka e o engenheiro florestal Laury Cullen Júnior.
Um estudo sobre jaguatiricas já foi desenvolvido no pontal por Anael Jacob, de 1999 a 2002, mas a área estudada restringiu-se ao Parque Estadual do Morro do Diabo. Foram monitorados 11 animais por radiometria. Na ocasião, chegou-se a uma população estimada de 112 animais. O estudo chegou à conclusão de que alguns estavam se dispersando para fora da área do parque, o que motivou a nova pesquisa.
O trabalho do Ipê pretende verificar se a quantidade muito reduzida de grandes predadores, como a onça-pintada, na região levou a um aumento na população de médios predadores, como a jaguatirica. Também será analisada a relação entre a densidade de jaguatiricas e a diversidade de espécies que são suas presas diretas, como pequenos mamíferos.
OESP, 08/09/2007, Vida, p. A15
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