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Pressionados, países buscam verbas na COP-25 para reduzir aquecimento global

O Globo, Sociedade, p. 38
01 de Dez de 2019

Pressionados, países buscam verbas na COP-25 para reduzir aquecimento global
Países pobres condicionam políticas públicas de adaptação às mudanças climáticas a doações dos ricos. COP-25 começa amanhã.

RENATO GRANDELLE
renato.grandelle@oglobo.com.br
(Colaborou Jussara Soares, de Brasília)

Incêndios na Amazônia, ondas de calor na Europa, inundações na Somália. Em um planeta sacolejado por eventos extremos, multiplicam-se coletivos ambientalistas e a pressão de cientistas. É neste cenário que 196 nações abrem amanhã a 25ª Conferência do Clima (COP-25), em Madri. A convenção, que termina no dia 13, será pautada pelo dinheiro - o grupo dos Estados mais pobres condiciona a formulação de políticas de adaptação às mudanças climáticas à doação de verbas por países ricos. Tradicionalmente referência no combate ao aquecimento global, o Brasil aterrissará na capital espanhola rodeado de desconfiança, diante de acontecimentos como as queimadas e o desmatamento na Amazônia e a crise do óleo na costa. O ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, que chefiará a delegação, adianta que não planejará novos projetos contra as mudanças climáticas sem receber recursos. - Nós podemos planejar novas ações na área desde que aquilo que já foi feito seja remunerado - ressalta, referido-se à queda do desmatamento desde o início do século. - Não negamos que há problemas, mas nem de longe esses problemas colocam o Brasil desconfortável na área ambiental. Vice-diretora da Coppe/ UFRJ, Suzana Kahn adianta que a COP-25 terá de organizar as metas de redução de emissões divulgadas por cada país:

- Esta COP vai mostrar quais são as regras do jogo. Até agora, os países disseram como cortariam suas emissões de gases estufa, mas cada um fez o cálculo de acordo com sua própria metodologia.Chegou a hora de padronizar a conta, ou não conseguiremos dados fundamentais para entendermos o atual estado das mudanças climáticas, como o volume do desmatamento e a energia usada pelo setor de transportes.

Outro desafio é inspirar os países a serem mais ambiciosos, ressalta Thelma Krug, vice-presidente do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC). Mesmo que os países cumpram integralmente suas metas para reduzir a emissão de gases estufa, a temperatura global aumentará 3 graus Celsius até o final do século - o limite considerado tolerável pela comunidade científica é de 2 graus.

- Este é o momento em que os países pavimentarão o caminho para que, em 2020, digam quais metas pretendem seguir até 2025. É a COP do "nós podemos", onde os mais ambiciosos poderão conseguir mais financiamentos -explica Thelma. Países ricos comprometeram-se a abastecer o Fundo Verde com US$ 100 bilhões por ano a partir de 2020 para financiar políticas de mitigação e adaptação a países em desenvolvimento, desde que apresentem projetos mostrando como pretendem aplicar seus recursos. Até agora, porém, o fundo conta com menos de 10% deste valor.

Coordenador do portfólio de economia de baixo carbono do Instituto Clima e Sociedade, Gustavo Pinheiro define o Fundo como um "sintoma da falta de ação climática": - É pouco provável que a meta seja atingida, porque os Estados Unidos, que são os maiores contribuidores do fundo, formalizaram sua saída do Acordo de Paris.

O Globo, 01/12/2019, Sociedade, p. 38

https://oglobo.globo.com/sociedade/pressionados-paises-buscam-verbas-na…

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