VOLTAR

Policias garantem Raposa do Sol

CB, Brasil, p.9
18 de Abr de 2005

Polícias garantem Raposa do Sol
Desde a manhã de ontem, 140 agentes das polícias Civil, Federal e Rodoviária Federal estão em Roraima para garantir a homologação da reserva indígena Raposa Serra do Sol – efetivada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva na sexta-feira passada. Os homens da operação Upatakon estão divididos em bases de trabalho nos municípios de Pacaraima, Bonfim e na Comunidade das Placas, localizada dentro da reserva indígena. Até a noite de ontem, nenhum incidente foi registrado.
O delegado federal Osmar Tavares, um dos coordenadores da operação em Roraima, disse que a situação está sob controle. A PF preparou a operação por mais de um ano na expectativa da homologação da Raposa Serra do Sol. O governo federal teme a resistência dos plantadores de arroz, uma vez que a disputa entre índios e arrozeiros se arrasta há quase dez anos. Segundo o delegado, ainda é cedo para fazer qualquer previsão sobre a possível resistência dos agricultores à decisão do governo.
O estado de Roraima está começando a assimilar o decreto de homologação. Algumas pessoas colocaram faixas pretas nos carros, mas por enquanto estamos apenas no período de observação”, pondera. Tavares também disse que os agentes torcem para que tudo transcorra de forma pacífica, mas ressaltou que eles estão autorizados a neutralizar ações que "venham a ferir o estado democrático de direito". Os policiais atuam em conjunto, formando grupos mistos para a observação de possíveis conflitos.
Longa história
O primeiro grupo de trabalho para a demarcação da reserva foi montado há 26 anos. Em 1998, o governo federal publicou portaria com a demarcação das terras indígenas. Nesse período, arrozeiros chegaram a ser indenizados pela Fundação Nacional do Índio (Funai) para deixarem a reserva. Alguns fazendeiros continuaram no local e outros acabaram retomando as terras diante da demora na homologação.
A decisão do Planalto - que reserva cerca de 1,7 milhões de hectares e beneficia 14 mil indígenas - não foi bem aceita por índios e agricultores. Os índios reclamam que o município de Uiramutã não será deslocado, conforme as lideranças reivindicavam. Os produtores rurais temem as conseqüências financeiras da demarcação e ameaçam usar armas para garantir a permanência no local.

CB, 18/04/2005, p. 9

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.