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Polemico, sistema pre-pago de acesso a agua comeca no pais

FSP, Cotidiano, p.C3
16 de Mar de 2004

Proposta não deu certo em outros países Polêmico, sistema pré-pago de acesso à água começa no país
MARIANA VIVEIROSDA REPORTAGEM LOCAL Envolto em polêmica, o sistema pré-pago de acesso à água começa a funcionar no Brasil. Atende 800 domicílios em Abadia de Goiás (GO) e, até o fim do ano, funcionará em 10 mil casas de Palmas (TO), onde cem domicílios já testam o novo esquema. A Sabesp (empresa de saneamento de SP) também estuda a tecnologia, mas diz não ter ainda interesse de colocá-la em prática pelos custos.Os argumentos do Idec (Instituto Brasileiro de Defesa do Consumidor), da Assemae (associação dos serviços municipais de saneamento), do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor (DPDC) do Ministério da Justiça, da entidade norte-americana Public Citizen (Cidadão Público) e de especialistas contra o novo sistema, no entanto, são outros.Eles criticam a mercantilização da água, que, apesar do valor econômico, tem também fundamental importância para a saúde pública, e dizem temer que a exigência do pré-pagamento deixe os mais pobres desabastecidos ou os faça ter de escolher entre água, comida ou remédios. As preocupações levaram o Idec a discutir o tema ontem, Dia do Consumidor.A principal ressalva é uma das vantagens apontadas pelo presidente da Saneatins (empresa privada de saneamento do Tocantins), Dorival Roriz Coelho: o fim da inadimplência. "O sistema vai legitimar o corte de água", diz Ricardo Morishita Wada, do DPDC.Segundo Coelho, outro benefício é a redução do consumo porque "as pessoas só vão gastar o que podem pagar". A economia em Palmas foi de 22%. "É possível economizar de outra forma", diz Marilena Lazzarini, do Idec.Aplicado nos anos 90 no Reino Unido após a privatização, o pré-pagamento pela água foi banido depois que as desconexões da rede e os casos de disenteria aumentaram, conta a representante da Public Citizen no Brasil, Sabrina Mello. Na África do Sul, os resultados também foram negativos.O sistema funciona como o do celular. O consumidor compra cartões com créditos que são revertidos em água. No imóvel, a leitura é feita por um gerenciador de consumo, ligado a uma turbina, em vez de hidrômetro. Quando faltam três dias para acabar os créditos, o gerenciador avisa.Se o usuário não pode comprar outro cartão, pega um empréstimo no aparelho, o que pode ser feito uma vez ao mês. O valor é descontado do próximo cartão. Os equipamentos custam R$ 90.

FSP, 16/03/2004, p. C3

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