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Autor: Renato Alves
05 de Ago de 2024
No sábado (3), cinco guarani-kaiowá foram feridos com tiros de armas letais e munição de borracha. Fazendeiros reivindicam terra
BRASÍLIA - A Polícia Federal (PF) e o Ministério Público Federal (MPF) investigam ataques a indígenas guarani-kaiowá em Douradina (MS). Fazendeiros são acusados de invadir território indígena, em uma área conhecida como Panambi-Lagoa Rica. Houve tiros no fim de semana.
No mais recente confronto, na noite de domingo (4) e madrugada desta segunda-feira (5), seis pessoas ficaram feridas. Cinco eram produtores rurais e uma, indígena, mas ninguém teve ferimentos graves, segundo as autoridades do Mato Grosso do Sul.
No sábado (3), cinco guarani-kaiowá foram feridos com tiros de armas letais e munição de borracha. Todos foram encaminhados ao Hospital da Vida, em Dourados (MS). A instituição informou nesta segunda-feira (5) que um indígena seguia internado em estado grave.
O confronto de sábado ocorreu na área retomada Pikyxyin. No domingo, ele aconteceu na área de ocupação Yvyajere. As duas estão entre as sete áreas da Terra Indígena Lagoa Panambi, identificada e delimitada desde 2011. Porém, o andamento do procedimento demarcatório está suspenso por ordem judicial.
Fazendeiros alegam serem proprietários legais da terra. São 12 mil hectares reconhecidos como terra ancestral. Não há nenhuma determinação de reintegração de posse por parte da Justiça.
Um grupo de fazendeiros alega que o conflito do fim de semana começou após um grupo entre 20 e 30 indígenas ter colocado fogo em um monte de palha, e as chamas se espalharem pela vegetação de uma propriedade rural.
Ao ver o fogo, produtores rurais da região se reuniram, pegaram suas caminhonetes e armas e foram ao território indígena para retirar os guarani-kaiowá à força, conforme depoimentos dos fazendeiros à polícia local, registrados em boletim de ocorrência.
Força Nacional foi enviada por causa do conflito
Por causa da tensão na região, por causa dos conflitos envolvendo as terras, o Ministério da Justiça e Segurança Pública (MJSP) enviou homens da Força Nacional em abril para preservar a ordem e a integridade em aldeias indígenas e nas regiões de fronteira.
A medida foi prorrogada em julho, após indígenas guarani-kaiowá serem alvos de tiros em Douradina e Caarapó. Foi só uma equipe da Força Nacional deixar a área, no sábado, que apareceram homens armados, em uma caminhonete, atirando contra os indígenas, segundo a Articulação dos Povos Indígenas do Brasil (Apib).
O Conselho Indigenista Missionário (Cimi) afirmou, nas redes sociais, que os indígenas são ameaçados por jagunços armados.
Governo vai manter equipe no local
O MJSP disse que o confronto do início da tarde aconteceu enquanto a Força Nacional fazia o patrulhamento em outra área da região. Afirmou também que o foco de todo o efetivo no estado está em auxiliar o MPF e o Ministério dos Povos Indígenas (MPI), que intermediam os conflitos.
Com a notícia dos confrontos, a Força Nacional e o Batalhão de Choque da Polícia Militar do MS enviaram equipes para lá no domingo, onde permanecem desde então.
O MFI informou que recebeu no sábado "as denúncias sobre novos ataques contra indígenas guarani-kaiowá" e que equipes da pasta e do MPF estão no território "para prestar suporte de saúde e para garantir a segurança dos indígenas". "As imagens recebidas mostram indígenas ensanguentados e feridos. A equipe em campo está apurando o número de pessoas atingidas e outras informações", afirmou o MPI em nota divulgada nesta segunda-feira (5).
"Em uma ação conjunta do governo federal, deliberada na sala de situação criada para o acompanhamento de conflitos fundiários, foi decidido que uma equipe ficará permanentemente próxima às áreas de conflitos para deslocamento imediato em casos como esses", ressaltou o ministério.
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