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Pesquisador reclama falta de política para a região

OESP, Especial, p. H5
03 de Dez de 2009

Pesquisador reclama falta de política para a região

Marco Damiani

O professor José Alberto Machado, da Universidade Federal do Amazonas, fez uma das intervenções mais polêmicas do fórum promovido pelo Estado sobre a Região Norte: "A nação brasileira ainda não tem uma política estratégica em relação à nossa região. O que há são modismos da agenda internacional e iniciativas destoantes do governo federal, que criam impasses entre ministérios e esferas dos poderes estaduais e municipais da região".

O professor fez referência a decisões federais de construção de usinas de energia e abertura de estradas que, ainda no plano federal, já encontram oposição entre ministérios. "Não se pode chamar de política de governo as determinações das áreas técnicas que encontram vetos nos órgãos de defesa ambiental", disse. "Isso cria mais desencontros do que uma verdadeira política de desenvolvimento."

Responsável pelos programas de pós-graduação em Engenharia da Produção, Ciências do Ambiente e Sustentabilidade da Amazônia e Desenvolvimento Regional, Machado critica o que chama de política de desmatamento zero. "Há uma dinâmica econômica instalada na região que precisa ser compreendida", assinala. "Isso virou uma panaceia, mas além da sustentabilidade ecológica existem também a econômica e a social." Ele ressalta que o polo industrial de Manaus responde hoje por três quartos do PIB da Amazônia e por 30% da arrecadação federal de impostos. "Muito criticada, é preciso dizer que sem a Zona Franca a Amazônia seria um vazio econômico marcado pela pobreza". O professor defende a unificação e a harmonização das legislações reguladoras da região como ponto de partida para a confecção de um projeto de Nação para a Amazônia.

Pesquisador sênior da ONG Instituto Amazon, Paulo Barreto lançou mão de dados impactantes durante sua exposição. Ele lembrou que a área de desmatamento em toda a Região Norte corresponde a três vezes o Estado de São Paulo, ou 70 milhões de hectares. O desmatamento contribui em 57% para o total das emissões de CO2 ocorridas no Brasil. "Esse porcentual é maior do que o produzido por toda a indústria e o transporte somados", alertou. A extração da madeira, por outro lado, não contribuiu para a geração de renda na região. "Dos 20 municípios mais violentos do Brasil, a maioria está dentro das nossas fronteiras regionais", lembrou.

OESP, 03/12/2009, Especial, p. H5

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