Peixes e aves do Brasil fazem sucesso na moda

Peixes e aves do Brasil fazem sucesso na moda Peles exóticas podem custar até US$ 100 o metro quadrado, 4 vezes mais do que o couro do boi
MARIANA BARBOSA
Do Rio Amazonas, a pescada amarela está conquistando as vitrines das grandes grifes internacionais, na forma de bolsas, sapatos e acessórios.
Peixe nativo da Amazônia, a pescada amarela é 'fornecedora' de uma das várias peles e couros exóticos que começam a ser exportados pela Naturetouch, empresa do Rio de Janeiro criada no ano passado, que trabalha ainda com rãs e emas. Menos nobres do ponto de vista gastronômico, estômago de boi (retículo e rúmen) e pata de galinha também estão entre os artigos exportados para Estados Unidos, Europa e Ásia.
Entre os clientes, estão ateliês europeus que fabricam peças com exclusividade para grifes como Gucci, Armani e Dior, e até companhias de dança e teatro. O rúmen bovino brasileiro, popularmente conhecido como bucho, enfeita, por exemplo, o figurino de um dos espetáculos da trupe canadense Cirque du Soleil, que recentemente adquiriu alguns metros da peça.
Vendido em pequenas quantidades e voltado para o segmento de altíssimo luxo, os couros exóticos podem custar de US$ 50 a US$ 100 o metro quadrado, enquanto o couro de boi, curtido, é cotado a US$ 25. O apelo do exotismo brasileiro e um curtimento que faz uso de químicos que não agridem o meio ambiente têm engrossado o faturamento da Naturetouch. De janeiro a maio, a empresa exportou pouco menos do que em todo o ano passado. Foram mais de 800 encomendas nesses cinco meses, ante 1.043 em 2003. "Devemos registrar um crescimento de 60% este ano", afirma a dona da empresa, Gabriella Icaza, que também é consultora financeira e por muitos anos dirigiu o banco JP Morgan no Brasil.
Gabriella garante ter a única empresa a explorar a pele de pescada amarela e de ema, espécies exclusivas da América Latina. "Há uma oferta grande de couro de avestruz e também de outras espécies de peixe, como tilápia e salmão", diz ela. "Mas não temos concorrentes para a ema, que é conhecida como avestruz brasileira, nem para a pescada."
A empresa está se preparando para participar, pela segunda vez, do Salon Le Cuir, em Paris, considerada a mais importante feira de couros da Europa e que acontece em setembro. "É nesta feira que fechamos a maior parte dos contratos."

OESP, 05/06/2004. p. B6