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Parques terao mais protecao

CB, Cidades, p.26
08 de Jan de 2003

MEIO AMBIENTE Parques terão mais proteçãoGoverno do Distrito Federal cria secretaria para cuidar das 64 áreas de cerrado protegidas por lei. Equipe de 93 servidores terá de retirar invasões e proteger a natureza

Ana Maria Campos Da equipe do Correio
Kleber Lima 19.9.03

Parque ecológico do Gama, conhecido por prainha: rio poluído e lixo em meio à beleza rara da natureza
 
A partir de hoje, 64 parques ecológicos do Distrito Federal ficarão sob a administração do professor de Educação Física Enio Dutra Fernandes. Depois de quatro anos de trabalho na articulação de setores do governo local para preservação de mais de sete mil hectares de terras com vegetação nativa, ele assume a recém-criada Secretaria de Estado de Administração de Parques e Unidades de Conservação do DF.   Ainda sem orçamento definido para 2004, a nova pasta contará com recursos do Fundo de Melhoria da Gestão dos Parques do DF — Pró-Parques, criado por lei aprovada em dezembro na Câmara Legislativa. As fontes de arrecadação previstas são doações de cidadãos, empresas ou organismos públicos, privados nacionais ou internacionais, por meio de convênios, contratos ou acordos. O dinheiro necessário para as medidas de preservação e melhorias dos parques também virá da cobrança pelo uso dos equipamentos que serão instalados nessas áreas.   Chefe da Comparques — Comissão Permanente de Implantação de Parques Ecológicos e de Uso Múltiplo — desde 2000, Enio Fernandes avalia que terá mais liberdade para trabalhar agora, como titular de uma secretaria. Ele contará com a ajuda de 93 servidores, entre engenheiros florestais, biólogos, geógrafos e ambientalistas. Com a nova secretaria, teremos mais autonomia, diz o secretário, que há 15 anos atua como personal trainer do governador Joaquim Roriz.   O trabalho da nova secretaria foi dividido em 20 metas para os próximos três anos. Uma das prioridades será desocupar o Parque Ezechias Heringer, no Guará. Próximo ao ParkShopping, o cerrado, que contém mais de 60 espécies de orquídeas raras, é ameaçada por 132 famílias. Alguns moradores são chacareiros antigos, que recebiam incentivos do governo para desenvolver atividades rurais. Outros são invasores.   Pretendemos criar um núcleo rural no Recanto das Emas para transferir as famílias que viviam no local antes da criação do parque. Mas faremos um pente-fino para beneficiar apenas quem tem direito, promete. Quem construiu chácaras de lazer terá direito apenas a uma indenização pelas benfeitorias, adianta.   Outros parques incluídos pelo novo secretário na lista de prioridades são o Veredinha, em Brazlândia, o Sucupira, em Planaltina, e a redução dos parcelamentos irregulares dentro da Área de Relevante Interesse Ecológico (Arie) JK, entre Taguatinga e Ceilândia. Enio Fernandes também promete estudar uma forma de atender a reivindicação de moradores do Setor Sudoeste. Sei que eles querem a criação de um parque próximo à quadra 504. Mas não podemos cercar o local porque se trata de uma área tombada. Precisamos analisar com o Iphan (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional) uma forma de preservar a área, explica. Turismo ecológico Além de conter a ocupação ilegal, uma das maiores ameaças para a preservação dos parques ecológicos, o novo secretário quer que o brasiliense visite mais a natureza. Campanhas educativas e atividades esportivas nos parques serão lançadas.   Cada região administrativa do Distrito Federal dispõe de pelo menos um parque ecológico, mas poucos moradores sabem disso. Só em Planaltina são nove, com cerrado nativo. O lobo-guará, ameaçado de extinção, veados, tamanduás, araras e tucanos vivem nas matas. São áreas de beleza natural, com vales profundos e cachoeiras.   Entre as áreas pouco exploradas, segundo Enio Fernandes, está o Parque do Gama (antiga Prainha). Apesar do lixo amontoado no local e do rio poluído, a área encanta pelas árvores ainda intocadas. Temos parques com paredões para esporte radical, como o rapel, e cachoeiras, mas os brasilienses não aproveitam e valorizam essas áreas como deveriam, lamenta.

CB, 08/01/2003, p. 26

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