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Parque Nacional do Itatiaia é tema de série especial da TV Rio Sul - parte 1

G1 - http://g1.globo.com/
23 de Jan de 2015

Um presente da natureza para o Sul do estado do Rio. Uma reserva ambiental milenar. "Tem mais ou menos em torno de 18 mil anos. Foi em relação ao período de última glaciação", explicou Roberto Giovanetti, geólogo.

Em 14 de junho de 1937 virou Parque Nacional do Itatiaia, o primeiro do Brasil. Um gigante com a missão de engrandecer o país. "Precisava criar imagens populares da grandiosidade do Brasil. Então, era um nacionalismo que precisava de imagens. E o Parque Nacional, creio, ele vai ser uma dessas imagens fortes que o Getúlio incute no imaginário", contou o historiador Marcos Cotrim.

E que imagem. Vegetação exuberante. Cursos d'água em abundância. Primeiro, eram 11 mil hectares. Outros 19 mil vieram na década de 80. Agora, são 30 mil campos de futebol, delimitados por muito mais do que quatro linhas. Hoje o parque abrange os municípios de Itatiaia e Resende - no estado do Rio de Janeiro, e Bocaina de Minas e Itamonte - em Minas Gerais.

Com os novos limites, cresceram antigos problemas. Depois da ampliação, novas propriedades privadas foram absorvidas pelo parque, principalmente no território mineiro. Na parte alta, são grandes terrenos improdutivos e pequenas fazendas e sítios de agricultura familiar. Na parte baixa, são imóveis residenciais e muitas casas de veraneio. Pela lei, tudo isso deve ser adquirido pelo Governo Federal.

Proprietários resistentes e a burocracia nas negociações atrasaram o andamento do processo. O Ministério Público entrou com uma ação para acelerar a regularização fundiária do parque. O Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade assinou em outubro um termo de ajustamento de conduta. "A gente está trabalhando com uma planejamento de cinco anos. E a gente acredita que nesse prazo, se tudo funcionar de acordo com o planejado, a gente tem condição de regularizar aproximadamente 85% da área do parque", explicou Gustavo Tomzhinski, diretor do parque. "A partir desse termo de ajustamento de conduta, a questão continua sendo acompanhada. Eles têm que apresentar relatórios semestrais de todos os trabalhos, todos os levantamentos realizados, todo o andamento dos processos administrativos de regularização", acrescentou a procuradora do Ministério Público Federal, Izabella Brant.

Tanto trabalho para garantir paz e vida longa a essa turma. São mais de 50 mil espécies de insetos, 350 tipos de aves e 111 mamíferos, além de répteis e anfíbios. Um paraíso para os pesquisadores. "Já vinham pesquisadores desde o século XIX aqui. Inclusive missões de outros países. Veio missão belga, missão japonesa. Vinham pesquisar aqui pelas características únicas", disse Leonardo Cândido, coordenador de uso público do parque. Características registradas no impressionante acervo do antigo museu, agora Centro de Visitantes. "Virou um centro de divulgação da informação. E antes era um foco mais de coleções, de concentração de amostras de todas as pesquisas que eram feitas aqui. E muitas vezes o visitante não compreendia muito bem aquela informação", explicou Leonardo.

Ficou tão claro, que impressiona gente do mundo inteiro. Um engenheiro ambiental da Alemanha disse que nunca viu nada igual. Para ele, é tudo perfeito.

De vez em quando, bichos bem vivos aparecem no museu. Como um discreto camaleão. "A gente tá no meio da mata atlântica. Então ele pode ter vindo aqui se refugiar, perseguindo alguma presa, algum inseto que veio pra cá e ele veio atrás pra se alimentar", disse o coordenador.

A parte baixa é a mais visitada. São 100 mil turistas por ano. Uma reserva que guarda paisagens deslumbrantes e desperta a inveja de muitas noivas por aí. Afinal, qual delas não gostaria de um véu de 40 metros de altura?

As cachoeiras do Parque Nacional... Com as rochas, formam cartões postais inconfundíveis. Imponentes, encantadoras e exageradamente refrescantes. "Parecendo um congelador isso aqui. Mas tá gostoso, tá refrescante", disse um turista.

E pensar que o destino de tudo isso poderia ter sido bem diferente. "Quando o Barão de Mauá compra essa região pra fazer uma fazenda, pra você ter uma ideia, ele estava pretendendo fazer carvão", disse Marcos Cotrim, historiador.

O carvão não vingou, mas nem por isso as cinzas deixaram de fazer parte dessa história. Vários incêndios devastaram a vegetação do Parque Nacional do Itatiaia. Em 2001, 2007, 2010. Mas nenhum como o de 1988, que atingiu uma área de dez mil hectares. "Era um domingo e aqui em Mauá tava rolando um futebol no campo, mais ou menos por volta de umas quatro horas. Aí eu peguei minha filha, que era pequena, e fui assistir o jogo e aí eu vi a fumaça", contou Paulo que ajudou a controlar o fogo. "Foi um dos maiores incêndios que nós já tivemos na região".

"Se a gente somar as áreas, sobrepor as áreas dos incêndios de 2001, 2007 e 2010, a gente vai ter aproximadamente a área que foi queimada em 1988, pra você ter uma ideia da dimensão do incêndio", disse o diretor do parque.

O fogo que devastou um terço do parque atingiu também uma família inteira. Um dos fiscais desapareceu durante o combate ao incêndio. "Ele e mais um outro servidor foram levados pelo helicóptero até um determinado ponto do parque, lá na parte alta, e foram deixados lá. Mas ficaram numa situação que por causa do vento que estava , o fogo vindo, eles tiveram que se dividir, separar melhor dizendo, pra esperar o fogo passar naquele ponto. E aí quando passou o fogo, quando um levantou, cadê o outro?! Aí não apareceu mais. Eu imagino isso, que ele caiu em algum local e acabou não sendo encontrado", explicou Edson Santiago, voluntário do parque.

As buscas duraram dois meses. O único vestígio encontrado foi o facão usado pelo fiscal. Paulo também participou das frustradas tentativas de resgate. "A gente gritava, e ia para alguns lugares que podia ter caído em algum buraco, dentro de algum rio, mas nem sinal. Até hoje a gente não sabe o que aconteceu com ele. Se ele morreu mesmo, não sei...", disse Paulo.

Ninguém sabe ... "É um mistério, é um mistério ...", afirmou Santiago.

http://g1.globo.com/rj/sul-do-rio-costa-verde/noticia/2015/02/parque-na…

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