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Palmito certificado ganha mercado

OESP, Economia, p. B18
05 de Mai de 2009

Palmito certificado ganha mercado
Produtores da Bahia obtêm certificação internacional

Marianna Aragão

Apostando em selos de certificação ecológica e de qualidade, pequenos produtores de palmito do Sul da Bahia desafiaram um mercado cercado de desconfiança e conquistaram espaço nobre no varejo nacional e até fora do País. Introduzida em 1996, a produção de palmito estava estagnada na região há anos, em função da falta de crédito e da baixa produtividade. Hoje, a marca Cultiverde, fundada pelas cooperativas locais, está nas gôndolas de grandes redes de supermercado. As organizações também produzem para alimentar marcas próprias de grupos como Wal-Mart e o francês Bonduelle.

A virada dos produtores baianos começou em 2006, quando um convênio entre Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) e a Fundação Odebrecht destinou US$ 2,2 milhões para projetos na região. Parte do dinheiro financiou a vinda de técnicos agrícolas. Em sua maioria engenheiros agrônomos, eles ajudaram os produtores a se organizar em cooperativas e a buscar o financiamento adequado para a produção.

"Faltava às famílias tecnologia e disciplina, além de saber captar o dinheiro na hora certa", diz o engenheiro Roberto Lessa, hoje responsável pela Cooperativa dos Produtores de Palmito do Baixo Sul (Coopalm). O auxílio aumentou a produtividade. "Conseguimos plantar 57 hectares de terra com um empréstimo que visava à produção em 39 hectares", conta Lessa. O acompanhamento técnico também diminuiu o tempo gasto na cadeia produtiva, de 18 para 11 meses. Um novo financiamento, agora destinado à plantação de palmito numa área de 130 hectares - mais que o dobro da atual - acaba de ser concluído pelas cooperativas.

No mesmo ano, os cerca de 370 cooperados conquistaram sua primeira certificação e iniciaram os contatos comerciais, também facilitado pelo convênio do BID. A rede Bom Preço, bandeira da americana Wal-Mart com atuação no Nordeste, foi uma das primeiras a vender os produtos da nova marca.

"As certificações mostram para o mercado que há por trás um processo produtivo de qualidade, especialmente em um produto que exige cuidado no manuseio, como o palmito", afirma o diretor comercial na Bahia do Bom Preço, Carlos Rabello. Hoje, estima-se que 80% do palmito comercializado no Brasil seja de origem clandestina, o que dificulta o acesso de pequenos produtores ao mercado. "As certificações internacionais nos deixam muito confortáveis em vender o produto", afirma a diretora de assuntos corporativos da rede de varejo GBarbosa, Nadja Mattos. Entre os selos obtidos pelas cooperativas, estão o ISO 9001, de qualidade, e o sócio ambiental Rainforest Alliance Certified.

Além do Wal-Mart e GBarbosa, os grupos Pão de Açúcar e Perini já vendem os produtos da cooperativa, que deve produzir 2,87 milhões de hastes de palmito este ano. Em 2010, a meta dos produtores é chegar a 4 milhões de hastes.

OESP, 05/05/2009, Economia, p. B18

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