OESP, Nacional, p. A8
15 de Mai de 2008
País não será 'troglodita' com floresta
Denise Chrispim Marin
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva deixou claro, ontem, em entrevista no Palácio do Planalto, que a Amazônia é uma questão de soberania do Brasil, assim como devem ser outras questões que dizem respeito ao benefício geral da humanidade, mas ressaltou que o País não será "nenhum troglodita" de considerar a proteção da região interesse somente seu.
Ao lado da primeira-ministra alemã Angela Merkel, enfatizou que o Brasil deseja dividir as informações sobre a Amazônia. "Queremos partilhar o conhecimento sobre a biodiversidade com cientistas do mundo inteiro, mas queremos que haja clareza de que, para se manter a floresta em pé, há um custo."
O presidente destacou que, assim como o Brasil está aberto para discutir a Amazônia com o mundo inteiro, espera que questões como a descoberta de medicamentos contra o câncer, por exemplo, não se tornem uma "mercadologia individual". Pregou a necessidade de que o debate sobre as questões ambientais "não seja truncada com meias verdades e direcionada aos interesses predominantemente comerciais".
Repercussão
The New York Times
Cita a ex-ministra como "estrela ambientalista universalmente renomada", que freqüentemente confrontou interesses de "lobistas brasileiros em favor do desenvolvimento na região da floresta amazônica". Destaca que ambientalistas lamentaram a perda de sua "maior aliada na luta contra a crescente destruição da maior floresta do mundo que permanece em pé".
Le monde
Diz que a ex-ministra estava cada vez mais isolada na luta para "proteger o Brasil de interesses econômicos predatórios". Afirma que Marina mostrou "grande paciência", em casos como a liberação da soja transgênica. Diz que entregar o Plano Amazônia Sustentável ao ministro Roberto Mangabeira Unger foi uma "afronta a essa mulher de físico frágil".
The Guardian
Diz que Marina deixa o posto após "ter perdido batalhas cruciais em seus esforços para proteger a floresta amazônica". Demissão tende a "reforçar a visão" de que Lula "está mais preocupado com o desenvolvimento econômico que com a conservação". Aponta que a mudança pode significar um retrocesso nas intenções do Brasil de se tornar "voz forte" no debate ambiental.
Clarín
Destaca o fato de Marina ter recebido em 2007 o prêmio da ONU Champions of the Earth. Atribui a saída ao desgaste causado por divergências com o governo sobre a concessão de licenças a projetos do PAC e à decisão de Lula de delegar o Plano Amazônia Sustentável ao ministro Mangabeira Unger.
OESP, 15/05/2008, Nacional, p. A8
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