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Autor: Daia Flores
31 de Mai de 2024
Recentemente, a Tesla lançou uma iniciativa significativa em seu Relatório de Impacto de 2023, ao abordar a necessidade de proteger os direitos de comunidades indígenas isoladas. A empresa defende a criação de "zonas proibidas" para mineração, com o objetivo de salvaguardar os direitos humanos e indígenas. Esta postura sublinha a crescente preocupação das empresas com os direitos dos povos indígenas e as repercussões dessas práticas em suas cadeias de suprimentos.
O posicionamento da Tesla surge em um contexto de crescente pressão global para que as empresas respeitem os direitos dos povos indígenas isolados. A declaração foi influenciada por uma campanha da Survival International, que destacou os riscos enfrentados pelo povo indígena isolado Hongana Manyawa, na Indonésia, devido às operações da maior mina de níquel do mundo, operada pela Weda Bay Nickel (WBN).
Em um apelo emocionante, um representante do povo Hongana Manyawa enviou uma mensagem direta às empresas de veículos elétricos e consumidores:
"Por favor, não destruam nossa floresta, nós precisamos dela".
Este clamor destaca a urgência da situação enfrentada pelos Hongana Manyawa, cuja sobrevivência está ameaçada pela mineração em suas terras sem consentimento.
A mina de níquel da WBN, localizada na ilha de Halmahera, é um empreendimento conjunto entre a mineradora francesa Eramet e a chinesa Tsingshan. Desde o início de suas operações em 2019, a mina tem sido alvo de críticas por atuar em território indígena sem o devido consentimento, um fato que a ONU e diretrizes como as da Iniciativa para a Garantia de Mineração Responsável (IRMA) explicitamente proíbem.
A Tesla, que atualmente não adquire níquel da WBN, destacou que seus fornecedores devem operar apenas em terras indígenas com consentimento livre, prévio e informado dos povos afetados. Esta política é impossível de ser aplicada aos povos indígenas isolados, como os Hongana Manyawa, que vivem em isolamento voluntário e não podem dar consentimento para atividades comerciais em suas terras.
Este movimento da Tesla é semelhante ao recente posicionamento da fabricante italiana de couro Pasubio, que mudou de fornecedor após ser denunciada por adquirir couro de fazendas de gado que operavam ilegalmente em terras do povo Ayoreo, no Paraguai. A decisão da Pasubio foi uma resposta a uma queixa da Survival International, apresentada com base nas Diretrizes da OCDE para Empresas Multinacionais.
A ação da Tesla, que recebeu apoio de mais de 20 mil pessoas em todo o mundo através de emails enviados à Eramet, BASF e ao CEO da Tesla, Elon Musk, reflete uma crescente consciência e preocupação pública com os direitos dos povos indígenas isolados. Caroline Pearce, diretora da Survival International, ressaltou que a mineração e outras explorações em terras indígenas isoladas não são apenas violações de direitos, mas também causam desastres humanitários, como doenças, mortes e potencial genocídio.
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