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Os diversos males que atingem a Amazônia e o Alto Xingu

Eco Agência - www.ecoagencia.com.br
Autor: Raíssa Genro
19 de Mar de 2010

O 3 Congresso Brasileiro de Jornalismo Ambiental iniciou na noite desta quinta-feira (18) com a participação do cacique Afukaka Kuikuro e palestra do jornalista Lúcio Flávio Pinto, de Belém. A cerimônia de abertura, no centro de eventos do Pantanal, em Cuiabá, Mato Grosso, contou com autoridades governamentais e dos jornalistas Gisele Neuls, do Núcleo de Ecomunicadores dos Matos e André Alves da Rede Brasileira de Jornalismo Ambiental. Com o tema Desenvolvimento e Meio Ambiente: é possível? o público estimado é de 400 pessoas, em oito mesas redondas, seis oficinas e mais de 20 apresentações de trabalhos científicos. O evento começou na manhã desta quinta, com duas oficinas.

Lúcio Flávio Pinto é jornalista, produz e distribui o quinzenário Jornal Pessoal desde 1987, em Belém. Já recebeu diversos prêmios como jornalista e, em 2005, recebeu o Internacional Press Freedom Award, da organização nova-iorquina Committe to Protect Journalists (CPJ), dado a jornalistas que tenham se destacado na defesa da liberdade de imprensa. Por causa dos diversos processos que sofre pelas suas reportagens investigativas sai pouco de Belém para não perder os prazos dos recursos.

Sua palestra foi gravada em vídeo. Lúcio fez um paralelo entre a ocupação da Amazônia e do desenvolvimento, lembrando que a ocupação é recente, de meio século, e nesse tempo os brasileiros são o povo que mais desmatou no mundo. Cerca de 20% da Amazônia já foi derrubado. Lúcio também lembrou que a relação entre os índios e a floresta antes da chegada dos europeus era completamente harmônica, eles chegaram como se não existisse ocupação anterior.

O cacique Afukaka Kuikuro é uma das principais lideranças do Parque Indígena do Xingu. Além de um grande guerreiro, Afukaka é sobrevivente das três maiores ameaças que pairam sobre os índios: a perda de suas terras, as doenças trazidas pelo contato com os brancos e a desintegração cultural. É o primeiro índio brasileiro a assinar um artigo na renomada revista americana Science, junto com o arqueólogo americano Michael Heckenberger, em 2008.

Afukaka falou em sua língua originária e foi traduzido por Sepé, seu irmão. O cacique abordou os problemas das diversas etnias que compõem o Alto Xingu e os males que as afligem, principalmente as barragens. Ele comentou que vê as mudanças climáticas acontecendo em outros países e aqui a floresta não sendo preservada para evitar. Em 1990 Akukaka esteve em Washington e Otawa e disse que encontrou seus irmãos índios e viu tudo cuidado, tudo preservado. Combativo, citou diversas vezes representantes governamentais, perguntou onde estava o governador do Estado do Mato Grosso, Blairo Maggi, que não estava presente, e pediu que transmitissem seu recado ao, pois ele conhece seus costumes, suas danças e não está evitando que os rios sequem e que eles fiquem sem peixes.

Após as palestras houve apresentação do coral Alma de Gato, composto apenas por vozes masculinas, que cantaram clássicos da bossa nova e da música popular, em tom erudito.

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