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ONG ecológica de madeireiros

Tribuna de Imprensa-Rio de Janeiro-RJ
08 de Nov de 2001

A criação de uma entidade voltada para a preservação da mata atlântica no município de Eunápolis, Extremo Sul da Bahia, tem gerado desconfiança dos grupos ambientalistas do Estado. É que a Associação dos Amigos da Mata Atlântica (AAMA) foi fundada e será mantida por madeireiros e donos de serraria da região que, ao longo das últimas décadas foram responsáveis pela diminuição da mata nativa na Bahia.
Atualmente, o Extremo Sul da Bahia, conta com apenas 5% de remanescentes da cobertura original de mata atlântica. O próprio Município de Eunápolis nasceu, cresceu e se consolidou graças à exploração desenfreada de madeira de árvores nobre.
Os mesmos desmatadores dizem agora que pretendem desenvolver projetos de manejo de florestas para explorar economicamente as reservas, preservando a mata atlântica. O prefeito de Eunápolis, Gediel Sepúlveda, um dos integrantes da nova associação, defendeu programas educativos para a preservação do meio ambiente e aprova a criação de uma brigada antiincêndio de 200 voluntários da região.
O presidente do Grupo Ambientalista da Bahia, (Gamba) Renato Cunha, desconfia da intenção dos "novos ecologistas" e acha "difícil acreditar" na proposta da AAMA. "Eles sempre exploraram a madeira sem qualquer tipo de manejo na região, mas se quiserem agora contribuir para preservar a mata atlântica que o façam com responsabilidade", disse.
Renato explicou que, ao contrário da promessa dos diretores da associação de procurar as ONGs ambientalistas para trabalhar em conjunto, ainda não foi contactado pela AAMA. Outro que torce o nariz para a nova associação é José Augusto Tosado, diretor do Centro de Estudos e Pesquisas para o Desenvolvimento do Extremo Sul da Bahia. "Se eles tivessem fundado essa entidade há dez anos talvez eu pudesse acreditar nela, mas agora que restam pouco mais de 5% de mata atlântica na região...", comentou.
Ele desconfia que os madeireiros estão sendo oportunistas, pois no momento a retirada de madeira na região está suspensa pelos órgãos de proteção ambiental do Brasil.
Renato e José Tosado são unânimes em apontar como solução para a preservação do pouco que resta da mata atlântica na Bahia, a exploração da madeira de florestas plantadas, principalmente com eucaliptos. "Os madeireiros precisam se reciclar e aprender a explorar o eucalipto, deixando a mata nativa no lugar", disse Cunha

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