VOLTAR

Omissão do Planalto recrudesce retrocesso no campo

Valor Econômico, Brasil, p. A2
Autor: CHIARETTI, Daniela
03 de Mai de 2017

Omissão do Planalto recrudesce retrocesso no campo

Daniela Chiaretti

Este abril sangrento no campo pode ser apenas o prólogo do que está por vir. As cenas de faroeste protagonizadas na região de Colniza - cidade do Mato Grosso até há pouco conhecida como "a mais violenta do Brasil", onde foram assassinados nove posseiros e trabalhadores rurais, um deles, degolado - e no ataque a bala a índios gamela no domingo, no Maranhão (com sete hospitalizados e novos relatos de selvageria) também estão na conta das mensagens enviesadas do Planalto.
Não que a ex-presidente Dilma Rousseff tenha sido grande demarcadora de terras ou que seja possível esquecer os comentários infelizes do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva às reivindicações indígenas e quilombolas. Mas nada se compara ao comportamento passivo do governo Temer em mediar conflitos agrários. É no caldo do aumento do desmatamento, de parlamentares da Amazônia querendo reduzir unidades de conservação e da força da bancada ruralista no Congresso que frases grotescas como a do deputado federal Jair Bolsonaro (PSC-RJ) - de que se eleito presidente acabará com terras indígenas e territórios quilombolas - alimentam jagunços impunes no rincões.
Apenas um dado: Osmar Serraglio, ministro da Justiça de Temer, foi relator da PEC 215, a emenda constitucional que pretende transferir do Executivo ao Congresso a palavra final sobre a demarcação de terras indígenas. Em 55 dias de mandato, Serraglio fez 100 audiências com integrantes da Frente Parlamentar da Agropecuária e não ouviu sequer um índio, segundo reportagem da "Folha de S. Paulo".
Para ele, a balança pende só para um lado.

Valor Econômico, 03/05/2017, Brasil, p. A2

http://www.valor.com.br/brasil/4955420/omissao-do-planalto-recrudesce-r…

As notícias aqui publicadas são pesquisadas diariamente em diferentes fontes e transcritas tal qual apresentadas em seu canal de origem. O Instituto Socioambiental não se responsabiliza pelas opiniões ou erros publicados nestes textos. Caso você encontre alguma inconsistência nas notícias, por favor, entre em contato diretamente com a fonte.