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Obra do monotrilho terá que preservar as aves do trajeto

FSP, Cotidiano, p. C5
07 de Ago de 2011

Obra do monotrilho terá que preservar as aves do trajeto
Relatório ambiental impõe redução do impacto ao habitat das maracanãs-pequenas que vivem na região
Metrô de São Paulo afirma que curso do monotrilho não poderá ser mudado; mais de 2.300 serão derrubadas

VANESSA CORREA
DE SÃO PAULO

Polêmica entre os moradores das proximidades, que temem o impacto visual da obra, a futura linha do monotrilho terá agora que se preocupar também com outros habitantes da vizinhança: a maracanã-pequena, ave parecida com o papagaio.
Agora, um levantamento detalhado dos hábitos do pássaro na região de impacto da linha 17-ouro do Metrô de São Paulo, em sistema de monotrilho, virou condição para o licenciamento da obra. Locais de avistamento, hábitos alimentares e presença de ninhos terão de ser mapeados.
É que o estudo de impacto ambiental do projeto detectou a presença da espécie -criticamente ameaçada de extinção no interior do Estado- em áreas próximas da linha, que ligará o aeroporto de Congonhas ao Jabaquara e marginal Pinheiros, na zona sul da capital paulista.
Como os trilhos ficam a até 14 metros de altura, perto da copa das árvores, os trens podem "afugentar as aves" e interferir em suas comunidades de forma "irreversível", detectou o estudo.
Além disso, a obra prevê a remoção de 2.385 árvores, o que também causa impacto no habitat desses animais.
Embora não sejam nativas de São Paulo, as maracanãs se sentem em casa na cidade e já se reproduzem por aqui.

BARULHO
"Vêm umas quatro para comer goiaba. Passam rápido. Ficam uns cinco minutos e voam para o Palácio do Governo", conta Leandro Galvão, 39, vigia da Fundação Maria Luisa e Oscar Americano, no Morumbi, zona oeste.
Galvão relata que as aves -que "fazem barulho mais alto do que o do papagaio"- começaram a frequentar a fundação há cerca de um ano. Ele trabalha lá há cinco.
O Metrô diz que não há possibilidade de o traçado ser mudado, mas que as medidas de redução de impacto serão definidas.
Segundo a bióloga Raquel Oliveira, da Walm -empresa que fará o mapeamento da espécie-, observações serão feitas durante caminhadas pelo percurso da linha.
Além do avistamento, o som característico das aves ajudará a localizar a presença da espécie, que no primeiro estudo foi avistada no Parque Previdência e USP, na ponta oeste do traçado.
As aves se deslocam por grandes áreas e costumam ser avistadas em seus locais de alimentação, especialmente ao amanhecer, diz a bióloga. Elas gostam dos coquinhos das palmeiras, mas também comem outras frutas e sementes.

FSP, 07/08/2011, Cotidiano, p. C5

http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0708201110.htm

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