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Obra de Belo Monte deve começar este mês

O Globo, Economia, p. 44
04 de Out de 2010

Obra de Belo Monte deve começar este mês
Empresa responsável pela construção aguarda licença para até dia 10. Novo projeto terá economia de até R$ 5 bilhões

Gustavo Paul

Ainda cercada de polêmica, a usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, Pará, a segunda maior do país, poderá começar a sair do papel na segunda quinzena de outubro. Seis meses depois do leilão de concessão, a Norte Energia S.A. (NESA), empresa que tocará o empreendimento, aguarda para até o dia 10 a concessão da licença de instalação dos canteiros pelo Ibama. Com um custo de construção reduzido entre R$ 4 bilhões e R$ 5 bilhões, por mudanças no projeto original, a meta é começar o mais rápido possível a montagem dos canteiros.

Já deverão ser iniciadas a construção de um porto fluvial no rio Xingu para receber material, o alargamento de estradas vicinais e a construção de pontes para ligar os dois principais locais nos quais serão erguidas estruturas. A estratégia é deixar tudo pronto para iniciar as obras até abril, quando acaba o período chuvoso e o rio fica mais baixo. Para isso, a empresa também adiantou o envio de partes do Projeto Básico Ambiental (PBA) para o Ibama, com prazo definitivo no dia 15.

A meta é tentar conseguir a licença de instalação da megaobra até dezembro, para evitar que a mudança de governo possa atrasar o cronograma. A direção do Ibama não quis comentar prazos das licenças.

MP do Pará adverte sobre condicionantes não cumpridas
Afinal, a polêmica em torno da usina também corre risco de se acirrar nos próximos dias. O Ministério Público do Pará enviou na quarta-feira ao órgão licenciador advertência sobre o não cumprimento de condicionantes prévias para a obra. O MPF afirmou que, de acordo com informações da Funai, não foram cumpridas pré-condições relativas aos indígenas da região. Na prática, sugere que o órgão não poderá conceder novas licenças sem cumprimento da anterior.

Enquanto isso, toda a engenharia financeira e técnica do empreendimento está azeitada.

Segundo um dos integrantes da NESA, todos os equipamentos para geração de energia foram contratados e foi concluída a articulação para as obras civis entre as dez principais empreiteiras do país, que serão lideradas pela Andrade Gutierrez.

O projeto original foi alterado, permitindo uma redução de 32% na movimentação de rocha prevista: os 220 milhões de metros cúbicos de escavação foram reduzidos para 150 milhões de metros cúbicos. Será construído apenas um canal de desvio de rio, em vez dos dois previstos.

Além de reduzir o custo da obra - estima-se que o valor caiu de R$ 19,6 bilhões para R$ 14,5 bilhões - as negociações com fornecedores e a mudança no projeto aumentaram o retorno para os investidores. Dos 8,5% previstos no dia do leilão, a taxa interna de retorno (TIR) está prevista agora em 10%.

O financiamento também está encaminhado com quatro bancos oficiais e deve ser concedido nos próximos meses. O BNDES deverá liberar entre R$ 12 bilhões e R$ 15 bilhões, a Caixa já tem R$ 5 bilhões disponíveis, o Banco do Brasil, entre R$ 5 bilhões e R$ 8 bilhões, e o Banco do Amazônia, mais R$ 1 bilhão.

As 24 turbinas foram um dos pontos negociados, o que reduziu em cerca de 40% os valores previstos. A argentina Impsa fez proposta arrojada para fornecer ao grupo e instalar fábrica em Pernambuco (sede da Chesf, que liderou a NESA): ela irá fornecer quatro turbinas. O consórcio formado pelas grandes Alston, Voight, Siemens e GE ficará com as demais turbinas, mas foi obrigado a reduzir preços.

O Globo, 04/10/2010, Economia, p. 44

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