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OAB estima 500 pessoas em ato contra genocídio de índios

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Autor: Marco Eusébio
18 de Jan de 2008

Campo Grande (MS) - Setenta e seis indígenas foram assassinados no Brasil em 2007, 63% mais casos do que os 48 registrados em 2006. Mais da metade ocorreram em Mato Grosso do Sul, que detém o triste recorde mundial com 48 assassinatos em 2007, número 150% maior comparado aos 20 registrados em 2006. Para comparar, o segundo estado em número de casos é o Pernambuco, com 8 assassinatos, conforme dados do Conselho Indigenista Missionário (Cimi) que divulgará em abril o Relatório de Violência contra Povos Indígenas no Brasil. Para chamar a atenção da opinião pública e das autoridades e tentar reverter esse triste quadro, a Seccional de Mato Grosso do Sul da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB/MS) promove nesta sexta-feira, a partir das 9 horas, em sua sede em Campo Grande, o ato "Respeite o Índio - Genocídio Não".

O ato será marcado por abraço simbólico às causas indígenas que circundará a sede da OAB. A organização pretende reunir pelo menos 500 pessoas entre advogados e lideranças indígenas de todas etnias e regiões do estado. Lideranças indígenas nacionais como Marcos Terena, diretor-presidente do Memorial dos Povos Indígenas do Brasil, e o grande cacique dos xavantes Jeremias Tsibodó Wapre, confirmaram presença e vêm de Brasília especialmente para o evento. Manifestaram também apoio ao ato, o cacique Raouni Metuktire, do Alto Xingu; o cacique Megaron, do Baixo Xingu; e o líder yanomami Davi Kopenawa. Durante o ato, a OAB divulgará uma "Carta Aberta ao Povo de Mato Grosso do Sul".

"O objetivo da classe dos advogados de Mato Grosso do Sul é mostrar à opinião pública que o que está acontecendo com os índios hoje pode acontecer com todos os segmentos vulneráveis amanhã. É preciso romper este círculo de violência que expõe a face mais cruel da insensibilidade da sociedade e, principalmente, das autoridades públicas", afirmou hoje o presidente da OAB-MS, Fábio Trad. E acrescentou: "Cada índio que tomba assassinado ou enforcado pela miséria e pela fome é uma mancha inapagável na imagem do País."

Programação - O ato "Respeite o Índio - Genocídio Não" prevê uma ampla programação cultural a partir das 9 horas e será marcado por dois abraços à sede da Ordem, o primeiro de índios, e o segundo, simultâneo, de advogados em torno dos índios, numa declaração de apoio às causas indígenas. Conforme a presidente da Comissão de Defesa dos Direitos Humanos da OAB/MS, Delasnieve Miranda Daspet de Souza, da coordenação, o ato será aberto com um ritual de índios guaranis ao "Deus Tupã", seguindo-se o Hino Nacional, tocado por Bibi do Cavaco e cantado em aruaque (língua terena e kinikinuwa).

Em seguida o Canto da Paz será executado pelo acadêmico Marcelo Dias, acompanhado no violão pelo professor de música Marcelo Marques, ambos da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS). Depois, o cantor e compositor Geraldo Espíndola cantará "Kikiô", de sua autoria, e o grupo musical Olho de Gato vai cantar "Extermíndio". Danças indígenas masculina e feminina estão previstas. A programação prevê ainda apresentação da dança terena Bate-Pau, seguida de declamação da poesia "A Terra", pela índia terena Tereza.

Haverá também um jogral escrito pela advogada e poetisa Delasnieve Daspet de Souza a ser executado por meninos e meninas índios aldeados da Água Boa e Marçal de Souza (aldeias urbanas) e pelo pajé guarani Nito Guarani e pelo pajé kinikinauwa Albino Pereira Cece.

Delasnieve vai recitar o poema "Sou o vento que anda", acompanhada de indígena executando o instrumento musical buiuna (flauta sagrada), que reproduz o som do vento. Em meio à programação cultural haverá pronunciamentos do presidente seccional da Ordem, Fábio Trad, e do administrador regional da Fundação Nacional do Índio (Funai), Claudionor do Carmo Miranda.

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