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O Povo Payayá ressurgindo com vigor

Blog do Juvenal Papayá
07 de Mai de 2008

É com indizível satisfação, imenso prazer que noticiamos a todos os parentes e aos amigos da causa indígena, especialmente aqueles ligados a luta dos povos oprimidos, que o povo Payaya já não pode ser considerado extinto.

Este povo aguerrido assim foi considerado por aproximadamente 200 anos.

Atrás de suas pegadas históricas deixaram como marca registrada a sua capacidade incomum de luta contra o colonizador opressor.

Este povo ameaçou o sucesso da colonização portuguesa na região do recôncavo baiano. Com admirável estratégica soube enfrentar as tropas mercenárias, exterminadores de índio. Participou e contribuiu ativamente de outras incursões históricas contra a opressão juntamente com outros povos, alguns que sobrevivem, neste e outras regiões do estado.

Pela sua incomum capacidade de resistir, pela sua incomum capacidade de enfrentamento, pelos seus feitos o povo Payayá tornou-se indesejável ao empreendimento colonizador.

A cobiça pela extensão das terras que ocupava e as riquezas delas foi e ainda é o principal princípio motivador, levando os colonizadores capitalistas a decretar a extinção de um povo inteiro.

Há muito nós outros vemos clamando pela compreensão dos irmãos indígenas, chamamos a atenção dos parentes mais destacados e os aldeados, desejávamos que ouvissem a nossa história, que é a de seus remanescentes.

Na última década a noticias sobre a existência de remanescentes deste povo passou a circular com mais intensidade, ganhou corpo através de nossas palavras, muitas delas desacreditadas outras não consideradas.

Sem importar com as ironias fomos comparando os vestígios, ligando fatos, compondo páginas.

Nossa presença constante parecendo solitária para uns, inoportuna para outros e teimosa para os observadores mais atentos, pois é, nunca tivemos dúvidas que através da teima seríamos ouvidos, a expectativa que um dia todos se deparariam com a verdade da existência dos remanescentes do povo Payaya.

Felizmente da Cabeceira do Rio é chegada a resposta de forma positiva.

Hoje, precisamente entre os dias 1 e 3 de maio de 2008, na Cabeceira do Rio - 450 km de Salvador-Ba, entre os municípios de Utinga e Morro do Chapéu, aconteceu o momento tanto almejado. Nestes dias mais de 20 almas se reuniram, tinham como finalidade a confirmação do tão importante pacto para nós: a formalização do nosso próprio reconhecimento.

Presentes estavam os mais velhos, aqueles que nunca esqueceram, jovens e crianças, todos remanescentes deste povo vivo Payayá.

Testemunharam todos estes fatos, para isso especialmente convidados, três observadores indígenas, pessoas da mais alta credibilidade dentro de suas aldeias, dos indígenas em geral, dos poderes públicos.

Tudo foi feito com transparência, com liberdade, de forma oficial, impossível de ser negado.

Juntos todos dispostos a combater a nefasta idéia da extinção espalhada pelos remanescentes do colonizador.

Nós Payayá somos um povo vivo.

Nosso próximo passo é buscar o reconhecimento junto a FUNAI. Para tanto carecemos de apoio das lideranças indígenas, dos indigenistas, daqueles que conhecem a nossa vivência.

Juvenal Payayá

Coordenador do Movimento Associativo Payayá

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