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O desmatamento está voltando a crescer? Ou não?

Mídia e Amazônia - http://midiaeamazonia.andi.org.br/
30 de Jul de 2015

Entender as estatísticas que analisam o desmatamento na Amazônia é um exercício investigativo que requer a consulta a diferentes bases de dados e indicadores. A pauta abaixo identifica os processos de monitoramento e aponta os órgãos que realizam esse trabalho, produzindo os números que são divulgados ao público periodicamente.

Cabe ao jornalista investigar esses dados para interpretá-los com a ajuda de especialistas, alguns listados ao final desse texto. Esse exercício é necessário em função das diferentes datas de divulgação dos indicadores e também dos distintos sistemas de monitoramento, que têm características próprias.

A pauta proposta parte do esclarecimento de que o calendário anual do desmatamento começa em agosto e termina em julho do ano seguinte. Este é o período analisado todos os anos para definir a taxa oficial de desmatamento no país, monitorada pelo Projeto Prodes do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe).

O Prodes mede cortes rasos com mais de 6,25 hectares (0,06 km²) e um resultado preliminar costuma ser divulgado no final do ano, entre novembro e dezembro. A análise final das imagens de satélite e a taxa anual oficial é divulgada pelo Ministério do Meio Ambiente no primeiro semestre do ano seguinte, vários meses depois do fim do calendário do desmatamento.

Como consequência de políticas públicas adotadas no país a partir de 2004, o desmatamento no Brasil foi reduzido em 80% entre 2005 e 2012, ano da menor taxa histórica. De 2012 para 2013, passou de 4,5 mil km² para 5,8 mil km e no ano passado recuou para 4,8 mil km². Este patamar de 5 mil km² por ano é suficiente para que o Brasil cumpra a meta assumida de reduzir o desmatamento em 80% até 2020, mas representa mais de 3 vezes o tamanho da cidade de São Paulo - que tem pouco mais de 1,5 mil km² - e 0,5% da maior floresta tropical do mundo.

Mas já há indícios de que a taxa de desmatamento na Amazônia em 2015 pode ser maior do que a 2014. Dois outros sistemas de análise das imagens de satélite indicam esta tendência: o Sistema de Alerta de Desmatamento (SAD) do Imazon e o Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (DETER), do Inpe.

Menos precisos que o Prodes, eles são usados para ajudar os governos municipais, estaduais e o Ibama a reprimirem o desmatamento ilegal e também podem ajudar o poder público e a imprensa a detectar tendência de aumento e de queda no desmatamento. O SAD é divulgado mensalmente e o boletim de junho mostra que o desmatamento acumulado entre agosto de 2014 e junho de 2015 é 65% superior ao registrado no mesmo período do ano anterior.

A boa notícia é que houve uma redução de 41% do desmatamento na Amazônia em junho de 2015 em comparação com junho de 2014.

O próximo relatório do DETER será divulgado em agosto. No último, com alertas até janeiro de 2015, apontou para 2.765 km² de desmatamento na Amazônia, nos seis meses entre agosto de 2014 e janeiro deste ano. No primeiro semestre do calendário, o DETER já registrou 90% do total de alertas do ano anterior.

A partir de julho, as queimadas na Amazônia se intensificam e a estação seca também amplia a visibilidade dos satélites com a redução de nuvens.

Alguns dos "leads" para ficar de olho nos próximos meses:

SAD e DETER vêm apontando a liderança de Mato Grosso no desmatamento na Amazônia. O estado tem menos florestas que o Pará (campeão de desmatamento segundo o Prodes, desde 2008) e sua região noroeste, que está no chamado Arco do Desmatamento, é onde os desmatamentos ilegais mais ocorrem;
Análise realizada pelo Instituto Centro de Vida (ICV) dos resultados do SAD nos seis primeiros meses do calendário do desmatamento apontam para o aumento do desmatamento na região e no MT. Esta tendência se mantem?
Causas do desmatamento: indústria madeireira atuando fora da lei, desmatamento ilegal para testar a determinação do governo em cumprir a lei, demora na implementação do Código Florestal, expansão da fronteira agrícola onde a soja empurra a pecuária para a floresta.

Fontes:

Imazon - Assessoria de Imprensa
Stefânia Costa: (91) 3182-4039 / stefania@imazon.org.br
ICV - Assessoria de Imprensa
Daniela Torezzan: (65) 9201-4578 / daniela.torezzan@icv.org.br
Secretaria de Meio Ambiente de MT - Assessoria de Imprensa
Rose Domingues : (65) 9201-4578 / rosedomingues@sema.mt.gov.br
Diretoria de Fiscalização do Ibama - Assessoria de Imprensa
(61) 3316 1630 /imprensa.sede@ibama.gov.br
Inpe - Assessoria de Imprensa
(12) 3208 6000

Saiba mais:

Entenda os sistemas de monitoramento da floresta amazônica
Como vai funcionar a nova detecção espacial do desmatamento

Dados dos sistemas de monitoramento:

Prodes
DETER
SAD

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