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Numero de areas de preservacao fica abaixo da media

OESP, Vida, p.A17
05 de Nov de 2004

Número de áreas de preservação fica abaixo da média
Há mais terra destinada à conservação dos recursos, mas é preciso que uma parcela maior dos biomas seja protegida, diz especialista
Karine Rodrigues
RIO - O Brasil manteve a verba destinada para a proteção do meio ambiente e aumentou o número de áreas de proteção ambiental - contradições que aparecem nos registros do IBGE: houve uma ocorrência maior de queimadas e incêndios; os gastos do governo federal com a proteção do meio ambiente ficaram em 0,5% do total de despesas em 2000; e as áreas de preservação ambiental saltaram de 150 mil quilômetros quadrados em 1992 para 250 mil quilômetros quadrados no ano passado.
Em um país que abriga em seu território a maior biodiversidade do planeta, a existência de áreas protegidas é fundamental, destaca o coordenador de Indicadores Ambientais do IBGE, Judicael Clevelario. "O indicador tem melhorado, mas é preciso um esforço muito grande do País para que uma maior parcela dos biomas seja protegida", ressalta Clevelario.
Segundo ele, apesar do aumento registrado, as extensões de terra destinadas à preservação e conservação dos recursos naturais ainda está abaixo da média mundial - que é de 5% da superfície total do bioma. Por essa meta, entre os biomas brasileiros, apenas a Amazônia está mais próxima do padrão internacional: tem 4,86% de sua área protegida.
CONCENTRAÇÃO
E é justamente na Amazônia que estão concentradas a maioria das unidades de proteção e conservação federais. Números relativos a 2003 mostram que a região tem 76,1% das unidades. O cerrado fica com 13,9%, a mata atlântica com 4,2% e a caatinga com apenas 1,2%. "É necessário ampliar os números em áreas como o Brasil central, a caatinga e os campos do sul", diz o pesquisador.
No caso do cerrado, a proteção pode deter o avanço da agropecuária. Já no bioma pantanal, as maiores ameaças vêm, por exemplo, do turismo descontrolado e da ocupação desordenada das cabeceiras dos afluentes do Rio Paraguai. A maior parte das áreas protegidas, detalha Clevelario, está situada em florestas (33,7%) e em parques nacionais (30,6%), seguido de reservas extrativistas (9,4%) e biológicas (6,3%).
Em relação aos biomas costeiros, que engloba estuários e manguezais, os maiores entraves à conservação são a especulação imobiliária, a abertura de rodovias e a expansão de portos e cidades, além do turismo desordenado. Judicael enfatiza que a degradação dessas áreas vai afetar, diretamente, no ambiente marinho, prejudicando, por exemplo, a pesca.
Reservas particulares
A pesquisa mostra também um aumento de áreas de Reservas Particulares do Patrimônio Natural (RPPNs) federais. De 1990 até 2002, surgiram no País 366 delas, totalizando uma área de mais de quatro mil quilômetros quadrados. Grande parte, 164, está na mata atlântica. Em seguida, vem o cerrado, com 102, e a Amazônia, com 32.
"Isso revela que a sociedade tem uma preocupação crescente com o meio ambiente e um grande desejo de participar do processo de proteção à natureza", avalia Judicael, salientando que, nas referidas unidades, o poder público não gasta nada para mantê-las.
OESP, 05/11/2004, p. A17

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