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Novo Parque Nacional da Serra do Itajai comeca a sair do papel

OESP, Vida, p.A17
12 de Mai de 2005

Novo Parque Nacional da Serra do Itajaí começa a sair do papel
Já foram iniciadas as reuniões para definir instalações da sede da área, criada oficialmente em junho
Kazuo Inoue Especial para o Estado Florianópolis
Do alto dos 760 metros do Morro do Sapo, em Blumenau, até onde a vista alcança tudo pertence ao Parque Nacional da Serra do Itajaí, que tem 57,3 mil hectares e custou 25 anos para ser criado. Agora começa outra luta: a instalação da infra-estrutura, que depende principalmente dos sempre escassos recursos federais, para que a reserva possa cumprir suas finalidades.
O professor aposentado da Universidade Regional de Blumenau (Furb) e ambientalista Lauro Bacca logo desmente que tenha sido o pioneiro na idéia de criação do parque. "Em artigo de jornal, em julho de 1979, o empresário Udo Schadrak falava do perigo da devastação da mata na região", conta Bacca, que já foi vereador e assessor da prefeitura para o meio ambiente. Esse primeiro alerta foi o início de uma discussão que fez a prefeitura criar há sete anos o Parque as Nascentes, que agora faz parte do parque nacional.
"As pesquisas realizadas na área constataram a presença de mais de 240 espécies de aves, mais de 60 espécies de mamíferos, 40 anfíbios e 350 tipos de plantas lenhosas", diz o ambientalista. Uma das funções mais importantes da reserva é proteger as nascentes que vão abastecer mais de 500 mil pessoas, o que não está impedindo que áreas de encosta no entorno do parque estejam sendo ocupadas contra as advertências de especialistas para o perigo de desmoronamentos.
Bacca liderou uma longa batalha até chegar à criação do parque, que engloba nove municípios em 400 propriedades. "Tivemos o cuidado de evitar ao máximo a inclusão de comunidades dentro do perímetro do parque. Lá existem apenas 18 famílias, que deverão ter preferência na hora de contratar os funcionários", explica.
O Diário Oficial da União publicou, em 7 de junho de 2004, o decreto que criou o Parque Nacional da Serra do Itajaí. A oposição se organizou e entrou com uma ação popular que suspendeu o decreto, alegando que as audiências públicas realizadas não foram suficientes e prejuízos ao patrimônio da União com as desapropriações, entre outros motivos. Em 28 de março, o Supremo Tribunal Federal cassou todas as liminares contra a criação do parque, que o próprio governo de Santa Catarina tentou impedir por duas vezes.
PARTICIPAÇÃO
O chefe do Parque Nacional é Ângelo de Lima Francisco, um funcionário de carreira do Ibama. Na semana passada, ele teve reuniões em Blumenau para definir as instalações da sede do parque, que poderá ter ainda uma subsede em Indaial. "A mata atlântica é o bioma mais ameaçado do País e isso justifica plenamente a criação do parque pelo retorno social que ele representa", afirma Francisco.
Até por isso é que a administração, instalação e gerenciamento serão feitos com participação comunitária. Um conselho provisório já definido vai elaborar o regimento interno, estabelecer as normas de funcionamento e o plano de manejo.
O chefe do parque admite que os recursos limitados podem prolongar o processo, mas acredita há possibilidade de acelerá-lo com a ajuda da iniciativa privada. "Em curto prazo, poderemos promover atividades de educação ambiental, com visitas de crianças para conhecer a mata atlântica e sua importância na proteção de aqüíferos e nascentes."

OESP, 12/05/2005, p. A17

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