Nove índios são presos em Miranda por desobedecer ordem

A desocupação da fazenda Petrópolis, em Miranda, provocou a prisão de nove índios terena, apontados como líderes do movimento. O grupo teria tentado impedir a atuação policial e foi trazido para superintendência de Campo Grande.

Todos serão responsabilizados por desobediência, também porque foram oficialmente notificados da decisão da Justiça Federal que determinava a imediata retirada da fazenda, no dia 26 de agosto, mas não cumpriram a ordem.

A operação para retirada dos terena começou às 4 horas da madrugada de hoje, com uma reunião entre os 100 policiais federais que participaram da ação em Miranda, que teve preparação pesada com a distribuição de escudos, capacetes, coletes a prova de balas, armamentos e munições antimotim, de efeito moral.

Em Miranda, o grupo recebeu o reforço de outros 50 policiais do CIGCOE (Companhia Independente de Gerenciamento de Crises e Operações Especiais), além do apoio de duas ambulâncias do Corpo de Bombeiros, de dois ônibus e de uma aeronave, cedida pelo governo do Estado para reconhecimento da área e possível socorro, no caso de resistência e feridos.

A PF conta que ao chegar na fazenda, por volta das 7 horas, os índios tentaram impedir a desocupação, quando as nove lideranças indígenas foram detidas. Mas depois a tensão foi contida e os índios deixaram o local em seus próprios veículos.

Devolução - Às 11h30 de hoje a fazenda Petrópolis foi oficialmente devolvida a seus proprietários. De acordo com Pedro Paulo Pedrossian, filho do ex-governador Pedro Pedrossian, dono da área, o termo de reintegração de posse foi entregue a ele pelo oficial de Justiça e os índios iniciaram a retirada.

"Agora é colocar o gado para dentro e recomeçar a trabalhar", disse confiante ressaltando que a saída dos índios foi pacífica. "Todo transcorreu na santa paz", reforçou.

A fazenda passou 16 dias nas mãos dos índios da aldeia Cachoeirinha, que fica ao lado da Petrópolis. Questionado sobre uma possível tensão entre índios e o produtor, Pedro Paulo disse que um acordo de cavalheiros foi selado entre ele, o cacique da aldeia e um representante da Funai (Fundação Nacional do Índio). "Apertamos as mãos uns dos outros e nos comprometemos a fazer tudo dentro da Lei", acrescenta.

O produtor diz que não vê nenhum problema em entregar as terras aos índios, porém destaca que a indenização tem de ser paga. "Nós temos os títulos de posse das terras há mais de quarenta anos, isso não pode ser ignorado desta forma pelas autoridades. Se querem devolver as terras aos índios que nos paguem o que é justo".