A Crítica - www.acritica.com
Autor: Gerson Severo Dantas
17 de Out de 2010
O paisagista e ecólogo amazonense Willys Silva Souza, 46, coletou, no rio Madeirinha, no município de Autazes - a 118 quilômetros de Manaus -, uma nova espécie de orquídea do gênero brassia.
É a primeira descrição de uma nova variedade deste gênero em mais de 100 anos. A descoberta foi oficializada após um ano de estudos por taxonomistas que a batizaram com o nome do amazonense.
"Eles me fizeram esta homenagem e ela vai se chamar brassia willissiana", revelou. Há 30 anos dedicando-se ao estudo de plantas amazônicas e ao paisagismo, Willys conta que trouxe a orquídea com outras plantas coletadas durante uma de suas costumeiras expedições ao interior do Amazonas.
Ao analisá-la viu que não se enquadrava em nenhuma das descrições do gênero e a entregou a dois amigos taxonomistas, Cleber Júnior e Vitorino Castro Neto. Os dois viram o material coletado, levaram mudas preparadas por Willys, mas não acreditavam que pudesse ser uma nova espécie.
A confirmação da descoberta veio um ano depois, em janeiro deste ano.
"Eles me ligaram para confirmar a nova espécie e discutimos as possibilidade de nome. Eu sugeri brassia muruense, em homenagem aos índios Mura que vivem na região onde a planta foi coletada", contou. "Mas para minha surpresa, eles trouxeram o documento de registro com o nome willissiana", completa.
O registro de uma nova espécie botânica percorre diversos caminhos e, às vezes, leva até três anos. O primeiro passo, no caso da brassia willisiana, foi ser estudada pelos taxonomistas, os únicos profissionais que podem registrar uma nova espécie.
O trabalho foi feito por Vitorino e Cleber, que dissecaram a planta e compararam com os registros já existentes. Os passos seguintes são produzir uma "excicata", um molde desidratado da planta feito em papel e madeira.
A excicata e uma muda original são depositadas num herbário, que no caso foi o Jardim Botânico do Rio de Janeiro. "Depois é feita a primeira publicação numa revista para anunciar a novidade, o que foi feito no boletim científico Orquidários, do Jardim Botânico", conta Willys.
Foi feita, também, uma publicação numa revista francesa para expor a descoberta à comunidade científica mundial. O próximo passo será feito com a entrada do registro no volume 3 do livro Icones Orchidacearum, de Vitorino e Marcos Campacci.
"Com isso formaliza-se o registro oficial da nova espécie, que passa a existir botanicamente", completa Willys.
Gênero
Brassia é um gênero botânico pertencente à família das orquídeas (Orchidaceæ). Foi descrito pela primeira vez pelo botânico inglês Robert Brown, em 1813. O registro veio com o nome brassia maculata, uma espécie coletada na Jamaica. A maioria das espécies produz flores de perfume agradável, especialmente durante as horas quentes do dia. As brassias são conhecidas também popularmente como orquídeas aranha.
Conforme estimativa dos especialistas botânicos, 1,5 mil espécies de orquídeas existem na Amazônia,
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