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NOSSOS GUERREIROS!

Blog do Marcos Terena - http://marcosterena.blogspot.com/
Autor: Carlos Terena
24 de Abr de 2009

Nesta segunda feira dia 20 (um dia após o dia 19), cerca de 40 guerreiro Terena sairam de sua aldeia para se juntar aos outros guerreiros Panarás, Kaiapós, Kaiabis e Apiakas com objetivo de participar de uma manifestação de protesto contra a FUNAI.. Dois guerreiros Terena, cacique Alvarenga Pereira e Estevão Mário não voltarão ao seio de seus familiares, pois seu sangue derramado num acidente, agora fazem parte do asfalto da BR 163.

A característica, a índole aparentemente mansa de um terena não condiz quando são convocados para enfrentar algum desafio ou algum objetivo comum e de interesse coletivo.

Foi assim em março de 1867, quando os guerreiros terena se apresentaram ao comandante Coronel Carlos de Morais Camisão para lutar bravamente na Guerra do Paraguai, auxiliando os inexperientes soldados do Exército Brasileiro em terras pantaneiras.

Foi assim em 1942 quando jovens guerreiros Terena foram convocados pelo exército brasileiro a lutar pela paz na II Grande Guerra em território da Itália que sofriam um verdadeiro massacre, enfrentando a neve e o frio.

Foi assim no dia 22 de abril de 2000 na comemoração oficial dos 500 Anos em Porto Seguro- BA quando um jovem guerreiro Terena foi à frente liderando um marcha de protesto, sendo a primeira vítima da violência policial.

Os Terena poderiam aproveitar do feriado do dia 21, mas convocados por povos indígenas irmãos, saíram com uma equipe de vanguarda para se somar no objetivo comum de defender o meio ambiente e assegurar o direito livre a terra como fonte de vida.

No dia 21 de abril de 1967, Galdino Pataxó, dormia ao relento da W3 sul em Brasília, quando recebeu o impacto, o choque de um incêndio, seu corpo, dolorido, chamuscado, provocava risos em alguns jovens de classe média alta de Brasília, adormeceu em dores para nunca mais voltar.

Lá também estavam os Terena, acompanhando, organizando uma frente indígena para reclamar do silencio governamental no Dia do Índio, enquanto o Presidente da Funai na época indicado pelo CIMI, o advogado Julio Gaiger, pescava em pleno Pantanal a convite de fazendeiros, os mesmos que colocam diariamente num site de Campo Grande-MS, matérias pagas e com meias verdades, convocando os não índios a discriminarem o direito Terena sobre suas terras com o argumento de que isso poderá levar o Mato Grosso do Sul, rumo ao atraso.

Os Terena que partiram para os campos do Hanaiti Ituko-Oviti, saíram de suas casas, deixaram seus familiares para buscar o bem estar de suas comunidades. Eles viajaram desde o Pantanal alguns anos atrás em direção a uma aliança com os Bororo em Rondonópolis, mas foram levados pelos brancos a saíram da terra desses irmãos e a viverem na beira do Rio que atravessa essa cidade. Depois foram obrigados a viverem numa fazenda da região e finalmente, subiram em direção as regiões dos Panará no norte de Mato Grosso, sempre em busca de uma terra livre e prometida pelos governantes.

Agora, o silêncio, a morte justa de quem sempre lutou, se não por um argumento social, ético e moral, com esse fato, com a própria vida para garantir um direito nobre e que seria normal, não fosse a debilidade do atual governo na demarcação de suas terras e a provocação com isso, dos invasores das terras indígenas que se utilizam agora, da justiça do branco e de advogados e autoridades, muitas vezes convencidos de que o índio não tem esse direito, numa grave violação da história do Brasil. Que o Governo Brasileiro, a Funai e as entidades de apoio ao índio, se conscientizem de que a vida indígena não é para ser chorada, vitimada, mas vivida, usufruída como valor da terra!

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