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No Pará, apreensão recorde de carvão

OESP, Nacional, p. A17
14 de Abr de 2006

No Pará, apreensão recorde de carvão
Siderúrgica tinha 35 mil metros cúbicos do produto

Carlos Mendes

A maior apreensão de carvão vegetal do País foi feita ontem pelo Ibama com apoio da Polícia Militar e do batalhão de policiamento ambiental em Marabá, no sul do Pará. Além de 35.179 metros cúbicos de carvão que estavam armazenados sem comprovação de origem na Siderúrgica Ibérica do Pará, foram fechadas seis carvoarias, apreendidos 27 caminhões, 11 motosserras e uma camionete.
A empresa, que em 2004 foi multada em R$ 1 milhão por consumir 600 mil metros cúbicos de carvão sem comprovação de origem, desta vez levou uma multa de R$ 3,5 milhões.
O problema se repete com várias empresas do setor, que cortam as árvores remanescentes de mata primária no sul do Estado. As grandes árvores foram derrubadas. Sobraram as de pequeno porte, como jatobá, cedro, ipê e maçaranduba.
Para se ter uma idéia, um hectare produz cem metros de carvão. "Imagine isso cortado todos os dias", afirma o Norberto Neves, engenheiro florestal e chefe da operação. Além disso, para limpar a floresta, os exploradores ateiam fogo às árvores, o que mata animais pequenos como tatus, pacas, cutias e pássaros nos ninhos.
Segundo o relatório parcial da Operação Aço Preto, do Ibama, que teve início no dia 27, foram apreendidos mais de 37 mil metros cúbicos de carvão vegetal e 10.368 metros cúbicos em toras de castanheira - protegida por lei.
Mais de 2 mil hectares de área onde ocorria exploração ilegal de madeira para alimentação de fornos de carvão também foram embargados pela fiscalização do Ibama, sendo lavrados 24 autos de infração e 40 termos de apreensão e depósito. As multas somam mais de R$ 8 milhões.
Além da Siderúrgica Ibérica, outra grande multa foi aplicada ao empresário Marco Antonio Sivieiro, no valor de R$ 2,9 milhões, por desmatar 1.949 hectares em Dom Eliseu. O fazendeiro Davi Resende, foragido da Justiça, também foi multado em R$ 1,2 milhão por destruir 830 hectares de floresta nativa na cidade de Ulianópolis, no leste paraense.
Para o superintendente estadual do Ibama, Marcílio Monteiro, a operação reforça a tese de que são necessários investimentos, por parte do setor, em florestas plantadas no Pará.

OESP, 14/04/2006, Nacional, p. A17

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