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'No dia em que tiver briga entre ministros, mando os dois embora'

OESP, Nacional, p. A6
09 de Mai de 2007

'No dia em que tiver briga entre ministros, mando os dois embora'
Lula dá recado a quem diverge sobre velocidade na liberação de licenças ambientais para obras do PAC

Tania Monteiro

Com quase metade das obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) atrasadas, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva aproveitou uma viagem de inauguração a Santa Catarina para dar um recado aos ministros que divergem sobre a velocidade necessária na liberação das licenças ambientais para obras do setor elétrico.

"Não tem briga entre ministros. Não pode ter briga entre ministros. No dia em que tiver, mando os dois embora e assumo a responsabilidade", disse Lula, alegando que "o que existe são divergências, que são resolvidas com discussões".

Dois ministros que estão no centro da polêmica - o de Minas e Energia, Silas Rondeau, e a da Casa Civil, Dilma Rousseff - acompanhavam o presidente na viagem. Eles criticam a demora na concessão, pelo Ibama, do licenciamento para obras previstas no PAC. O Ibama é subordinado à ministra do Meio Ambiente, Marina Silva.

"O que existe são divergências entre organismos, que temos de respeitar e devem ser discutidas até chegar a um consenso que atenda aos interesses de todos", afirmou Lula, dizendo-se "tranqüilo" em relação à construção das hidrelétricas. "Pode durar um mês a mais ou a menos, mas estou convencido, e depois podem me cobrar, de que nós não deixaremos faltar energia neste país em 2011, 2012, ou 2013, porque nós vamos construir o que precisar ser construído."

Em São José, o presidente inaugurou o Centro Operacional e Administrativo dos Correios, que já funcionava no local havia pelo menos dois meses. Por causa do mau tempo, ele cancelou a inauguração da Usina Hidrelétrica de Campos Novos, também em Santa Catarina.

Em discurso, Lula agradeceu à Câmara por ter aprovado as medidas do Programa de Aceleração do Crescimento e disse estar certo de que, mesmo que haja manifestações contrárias no Senado, as propostas serão endossadas pela Casa, porque os parlamentares têm "responsabilidade" e sabem que estão chegando ao Congresso outros PACs - da educação, da área social e da segurança pública. Na entrevista, ao ser indagado se não temia ser acusado de estar pautando o Congresso, respondeu: "Não é o governo pautando o Congresso; é o governo pautando as necessidades do Brasil."

IMPRENSA

Lula reclamou da forma como a imprensa divulgou o balanço do PAC. "A imprensa misturou cebola com alho", criticou, referindo-se à informação de que a execução de metade do programa foi considerada "preocupante" segundo balanço do próprio governo.

"O PAC será cumprido integralmente e, para surpresa de alguns, será cumprido quase na sua totalidade (sic). Obviamente que depende de chuva, depende de algumas coisas, mas eu não tenho dúvida nenhuma de que, ao terminar nosso mandato, as pessoas que começaram a dizer 'o PAC não existe, o PAC não funciona' vão ter de se curvar, como se curvaram no ano passado quando pensavam que eu tinha acabado para a política brasileira e tiveram de saber que o povo é mais inteligente do que a gente imagina neste país."

SALTO DE QUALIDADE

Lula lembrou que tem mais quatro anos de mandato para fazer o que não conseguiu no primeiro governo. "A única coisa que eu quero nestes quatro anos é preparar este país, cuidar da gente mais pobre deste país, para ver se, quando a gente tiver os indicadores sociais de 2010, a gente consiga dar um salto de qualidade, fazer com que a sociedade tenha mais organização, que esteja mais organizada, mais preparada, para que possa resistir a qualquer truculência que alguém queira fazer com a sociedade brasileira." E voltou a pedir para só ser julgado no fim do mandato.

No discurso, ele aproveitou para elogiar um antigo desafeto e hoje um de seus principais aliados, o ex-presidente e senador José Sarney (PMDB-AP). Recordou ter criticado a construção da Ferrovia Norte-Sul, "que levaria nada ao nada", e hoje lamenta, porque ela poderia estar escoando boa parte da produção na região. "Era a visão de um estadista", afirmou ele sobre Sarney, ao informar que está construindo 350 quilômetros da ferrovia.

Lula disse ainda que vai continuar a "política de recuperação" do salário do servidor público. "É preciso acabar com essa mania de que funcionário bom é funcionário mal remunerado."

FRASES

Luiz Inácio Lula da Silva Presidente
"Não tem briga entre ministros. Não pode ter briga entre ministros. No dia em que tiver, mando os dois embora e assumo a responsabilidade"

"O que existe são divergências entre organismos, que temos de respeitar e devem ser discutidas até chegar a um consenso que atenda aos interesses de todos"

"Pode durar um mês a mais ou a menos, mas estou convencido, e depois podem me cobrar, de que nós não deixaremos faltar energia neste país em 2011, 2012, ou 2013, porque nós vamos construir o que precisar ser construído"
"Energia nuclear é uma alternativa importante, mas temos o maior patrimônio hídrico para hidrelétricas"
"A imprensa misturou cebola com alho"

Com selo verde, obra no Rio ainda nem tem projeto

Alexandre Rodrigues

Principal obra do Rio a receber recursos do PAC, o trecho final do Arco Rodoviário da Região Metropolitana só deverá começar a ser construído no fim do ano. A obra, classificada com selo verde no cronograma do governo federal - que indica andamento adequado - receberá cerca de R$ 750 milhões do PAC.

O trecho final do Arco Rodoviário ainda não foi iniciado por falta de projeto e licenciamento ambiental. A previsão do secretário de Obras do Rio, Luiz Fernando Pezão, é de que o estudo de impacto ambiental seja entregue este mês e o projeto básico seja concluído em julho, quando também deverá ser obtida a licença ambiental provisória. Em São Paulo, o Rodoanel Mário Covas também recebeu selo verde no balanço do PAC, mas as obras estão paradas desde setembro de 2006.

OESP, 09/05/2007, Nacional, p. A6

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