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Na abertura de conferência da ONU, China promete incluir biodiversidade em seus planos de desenvolvimento

O Globo - https://oglobo.globo.com/
11 de Out de 2021

País sedia rodada de conversas que almejam um acordo global para conter extinção em massa

PEQUIM - A China prometeu incorporar a proteção à biodiversidade a seus planos de desenvolvimento em todos os setores, disse o vice-premier Han Zheng nesta segunda-feira, na abertura da conferência sobre biodiversidade da ONU. De acordo com os organizadores, esta é a "hora da verdade" para firmar um acordo global para cessar a extinção em massa.

As discussões sobre biodiversidade são um preâmbulo para a COP-26, a conferência da ONU sobre o clima, que acontecerá em novembro em Glasgow, na Escócia. Uma das iniciativas que serão lançadas no evento é a Promessa Global do Metano, acordo anunciado pelo Estados Unidos e pela União Europeia que almeja cortar as emissões de metano em 30% até 2030. Até esta segunda-feira, segundo informações obtidas pela Reuters, o pacto já reúne ao menos 24 integrantes, além dos nove signatários originais.

Apesar de ser paralelo às discussões climáticas, o evento que começou nesta segunda em Kunming, no Sudoeste da China, também usa a sigla COP. Trata-se da 15a Conferência das Partes da Convenção sobre Diversidade Biológica da ONU, ou a COP-15.

Ao sediar a conferência, os chineses buscam sedimentar seu protagonismo na diplomacia ambiental, prometendo proteger a natureza após décadas de desenvolvimento rápido que causaram impacto significativo à biodiversidade. Responsável por um quarto das emissões do planeta, a China prometeu que vai "garantir que suas espécies importantes e recursos ecológicos sejam completamente protegidos".

- Vamos formular uma estratégia de proteção da biodiversidade e planos de ação para a nova era, incorporar a biodiversidade em planos de desenvolvimento de médio e longo prazo para todas as regiões e setores - disse Han.

O vice-premier disse ainda que Pequim está comprometida com a cooperação internacional no que diz respeito à conservação, incluindo no megaprojeto de infraestrutura chinês Cinturão e Rota. O presidente Xi Jinping deverá discursar no evento na terça, e a expectativa é de que o país consolide suas promessas nesta semana na Declaração de Kunming.

- Uma coisa é limpar as cadeias de abastecimento dentro da China, mas o maior impacto é indiscutivelmente na biodiversidade no exterior, nos trópicos africanos, na América do Sul - disse à Reuters Nathalie Seddon, professora de biodiversidade da Universidade de Oxford.

1 milhão de espécies em risco
Segundo dados da ONU, há cerca de um milhão de espécies de fauna e flora sob risco de extinção. Entre as causas estão não só a invasão humana, mas também a superexploração, a contaminação, a propagação de espécies invasivas e mudanças climáticas.

O evento será dividido em duas etapas: a primeira, que vai até o dia 15, terá majoritariamente sessões virtuais. A segunda, que ocorrerá entre 25 de abril e 8 de maio do ano que vem, novamente em Kunming, será presencial e reunirá delegações de 196 países, após ser adiada durante a pandemia.

Apresentada em julho, uma versão prévia do plano que a COP-15 planeja implementar inclui quatro grandes metas para serem alcançadas até 2050. Entre elas, dez marcos que devem ser atingidos até 2030 e 21 objetivos. Nenhuma das metas anteriores, firmadas na reunião de 2010 em Aichi, no Japão, foi cumprida.

- Embora tenha havido sucessos, não houve progresso suficiente para impedir a perda de diversidade de plantas e animais na Terra - disse Elizabeth Maruma Mrema, a secretária-executiva da COP-15. - Enfrentamos agora a hora da verdade. Se queremos viver em harmonia com a natureza em 2050, devemos atuar nesta década para conter e reverter a perda de biodiversidade.

Um dos objetivos das negociações é dar status de proteção a 30% das terras e oceanos do planeta até o fim da década. A medida é apoiada por uma ampla coalizão de países liderados pela França e pela Costa Rica, assim como limitar a contaminação agrícola e plástica.

Resistência
Não há, contudo, aceitação unânime: segundo observadores, o Brasil, criticado por sua desastrosa política ambiental sob o comando de Jair Bolsonaro, seria um dos opositores. Outros países emergentes, como a África do Sul, também se opõem à medida.

Tal qual nas discussões climáticas, o financiamento da transição verde também é um ponto de discórdia: países em desenvolvimento demandam financiamento dos países desenvolvidos para se adaptarem à emergência climática, tema que será pautado em uma sessão de negociações no ano que vem, em Genebra. Há ainda divergências sobre as metas de ações urgentes nas próximas décadas.

Se a China se engaja nas conversas, no entanto, o segundo maior poluidor do mundo não ratificou a convenção da biodiversidade.

No entanto, após quatro anos escanteando os temas ambientais, os Estados Unidos tentam assumir um protagonismo inédito na questão climática sob o comando de Joe Biden, que retornou ao acordo de Paris e organizou a Conferência de Líderes sobre o Clima para pressionar outras nações a assumirem compromissos mais contundentes.

O pacto para cortar as emissões de metano, o principal causador do efeito estufa após o dióxido de carbono, é uma dessas iniciativas. Desde setembro, 24 novos países tornaram-se signatários, confirmou o Departamento de Estado nesta segunda, além dos nove integrantes originais. O Brasil não aparece na lista, que inclui países como Israel, Japão, Paquistão e Costa Rica.

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