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Museu Goeldi inaugura exposição sobre etnia Kayapó

Museu Paraense Emílio Goeldi - http://www.museu-goeldi.br/
Autor: Vanessa Brasil
14 de Abr de 2010

Tradições, cotidiano e cultura do povo indígena podem ser conhecidos na exposição que se inicia nessa sexta-feira

Agência Museu Goeldi - Mebêngôkre-Kayapó ou "gente do espaço entre águas". Esse é o povo indígena que será o tema da nova exposição que ficará no Prédio da Rocinha, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. De título "Kayapó, Mebêngôkre nhõ pyka", a exposição foi concebida pelos próprios Kayapó e será inaugurada nessa sexta-feira, às 16h.
Realizada pelo Museu Goeldi e inaugurada para a Semana dos Povos Indígenas 2010, a exposição busca responder às questões da sociedade local não-indígena sobre os Kayapó, diante do entendimento de que existe um conhecimento deficiente sobre o povo. A curadoria é coletiva, e a realização é coordenada por Pascale de Robert, do Instituto de Pesquisa para o Desenvolvimento (IRD), da França, e de Claudia Lopez, do Museu Emílio Goeldi (MPEG).

A importância da exposição está na apresentação dos conhecimentos tradicionais dos povos indígenas para a conservação da biodiversidade do planeta, no mesmo tempo que tem o objetivo de orientar um outro olhar sobre os povos indígenas baseado no reconhecimento e compreensão de outros estilos de vida, de outras maneiras de entender o mundo e de se posicionar nele.

Serão apresentadas peças da vida cotidiana e de tempos comemorativos dos Kayapó, sendo que quase todos os objetos foram escolhidos pelos próprios indígenas. A idéia é mostrar os aspectos mais importantes da cultura do povo, tais como a cosmologia, a agricultura - expressada na diversidade de produtos cultivados nas roças -, além de outras práticas econômicas como a caça, pesca e coleta. Os rituais também ganham destaque na exposição, representados nos cocares e máscaras.

Falando sobre nós - "Além de ser uma forma didática de divulgar resultados de pesquisa para o público em geral, espera-se que a exposição aproxime o público da cultura Kayapó. Nosso objetivo é trabalhar no sentido de quebrar preconceitos, valorizar a diversidade cultural e apoiar os indígenas no seu objetivo de falar sobre eles", explicam as coordenadoras.

Dessa forma, pode-se dizer que, com a exposição, os Kayapó buscam se afirmar como povo, mostrando a sua forma de vida, de entender o mundo. Mas, também, trata-se de divulgar resultados de pesquisa no contexto da parceria científica entre o IRD e o Museu Goeldi sobre os conhecimentos tradicionais Kayapó e sua diversidade agrícola - temas de pesquisa das instituições nos últimos anos.

Além disso, a exposição visa dar importância à questão da construção da barragem de Belo Monte, como tema político e socioambiental de grande importância para o povo indígena, cuja principal característica é a índole guerreira. O povo enfrenta, há mais de 20 anos, a disputa contra a construção da barragem e, mesmo com as perdas recentes, mantém o seu viés de um povo guerreiro

Passeio no mundo dos Kayapó - A coordenação da mostra articulou cindo módulos que abordam os diversos aspectos da cultura e do cotidiano do povo Kayapó, que seguem uma ordem lógica para se conhecer o "mundo dos Mebêngôkre-Kayapó. No começo, o visitante é convidado a se deixar guiar pelo caçador de tatu que, nos tempos míticos, enxergou a terra vista do céu e descobriu a floresta da Amazônia. A historia pode ser lida em português e ouvida na língua do povo indígena.

A exposição mostra, ainda, o mundo da aldeia e o dia a dia dos Kayapó, por meio de retratos das aldeias e com enfoque especial sobre a arte da pintura corporal, que revelam todo o esplendor das festas e rituais realizados na aldeia. Já no mundo das roças, apresenta-se a importância da agrobiodiversidade e dos conhecimentos dos kayapó sobre o seu entorno nessa cultura que conhece tão bem as roças como a floresta.

O módulo dos caminhos da floresta, por sua vez, apresenta sementes, textos, desenhos de animais e armas como arcos flechas e as atividades de caça, pesca e colheita. E, finalmente, a exposição encerra mostrando o papel político ativo do povo Kayapó na cena regional e até internacional na defesa dos direitos constitucionais brasileiros e da floresta amazônica.

Na linha do tempo - A exposição é um dos vários resultados da colaboração e cooperação entre indígenas, pesquisadores, o IRD e o Museu Goeldi, que lançaram uma primeira versão do trabalho no Museu Histórico Estado Pará (MHEP) em 2009 durante o Ano da França no Brasil.

Mas a ideia da mostra nasceu há cerca de sete anos, quando o cacique Kaikuare da aldeia Kayapó de Moikarakô contava a sua preocupação em relação às informações incompletas e até errôneas sobre o povo, que estão disponíveis em livros e jornais. Dessa forma, foi decidido de que já "era tempo dos Mebêngôkre falarem sobre eles, e mostrar a cultura deles a partir de sua própria visão", dizem Claudia Lopez e Pascale de Robert.

Serviço: A inauguração será às 16h, no Prédio da Rocinha, no Parque Zoobotânico do Museu Goeldi. A exposição estará aberta ao público nos horários de 9h às 17h durante a semana e, nos fins de semana, das 9h às 15h.

http://www.museu-goeldi.br/sobre/NOTICIAS/14_04_2010.html

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