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Multinacional sofre resistência de fazendeiros

Diário de Cuiabá-Cuiabá-MT
29 de Jul de 2002

Os direitos minerários da Diagem lhe conferem titularidade para pesquisa, e posteriormente lavra em 120 mil hectares (ha) subdivididos em áreas pertencentes a fazendeiros do município. A única propriedade rural da mineradora é a fazenda Juína Maine Mineração, de 2 mil hectares.

Garimpar em áreas rurais pertencentes a terceiros quase sempre resulta em demandas. Isso acontece com a Diagem, que é questionada judicialmente por fazendeiros. O pecuarista e garimpeiro Tião Capu, dono da fazenda Chicória, trava uma batalha sem fim nos tribunais com a multinacional. Capu tem o apoio do presidente do Sindicato Rural de Juína, José Lino Rodrigues, o Cabeção.

O delegado da Diagem, José Ferraz, não nega a ação judicial de Capu. Ele porém alega que o fazendeiro "está se valendo de liminares para continuar garimpando ilegalmente". Cabeção defende Capu e outros pecuaristas, que segundo ele, estariam sendo prejudicados pela multinacional, e cita como exemplo a fazenda Santo Antonio, no rio Mutum, de propriedade de Antonio Pagnussat. Ferraz desconhece o caso Pagnussat.

A Diagem vai enfrentar resistência de fazendeiros. Ela, porém, em tese tem o apoio do prefeito Altir Peruzzo (PT), "desde que cumpra a legislação ambiental e gere empregos", segundo ele. O posicionamento da Câmara Municipal ainda é uma incógnita. A vereadora e presidente do legislativo, Dorilde Fortunata Armeliato (PSDB) sequer tem conhecimento oficial da mineradora no município. Dorilde diz que tomou conhecimento da presença da multinacional pela imprensa. Ela assegurou que nesta semana reunirá os vereadores para avaliar a questão.

Antes da Diagem, outra multinacional, a anglo-africana De Beers teve destacado papel na economia daquela região. No final da década de 60 e começo dos anos setenta, a De Beers pesquisou e descobriu jazidas de diamante na área onde mais tarde surgiria Juína.

Em 1976, quando a extinta Companhia de Desenvolvimento do Estado de Mato Grosso (Codemat) iniciou o processo de colonização da parte do município de Aripuanã, e que mais tarde seria Juína, a De Beers já lavrava na região. No governo Carlos Bezerra (87-90) as lavras da multinacional foram invadidas por levas de garimpeiros. A mineradora tentou judicialmente retirar os invasores, mas não conseguiu. Insatisfeita, ela deixou o Brasil.

O processo de extração de diamante em Juína murchou mas não se exauriu. Isso provocou a redução da atividade e a deixou mais elitizada para exploração por garimpeiros ricos que se utilizam de dragas convencionais

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