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Mudança climática pode encolher economia dos EUA, aponta relatório

FSP, Ambiente, p. B7
24 de Nov de 2018

Mudança climática pode encolher economia dos EUA, aponta relatório
Os danos poderão chegar a 10% do tamanho das finanças americana até o final do século

Coral Davenport
Kendra Pierre-Louis
WASHINGTON

Um relatório divulgado por 13 agências federais nesta sexta (23) apresenta as mais duras advertências sobre as consequências da mudança climática nos EUA, prevendo que, se não forem tomadas medidas significativas para conter o aquecimento global, os danos chegarão a 10% do tamanho da economia americana no final do século.

O relatório chama a atenção não só pela precisão de seus cálculos mas também porque suas descobertas estão em desacordo com a agenda do presidente Donald Trump de desregulamentação ambiental.
Trump adotou medidas agressivas para permitir que carros e usinas emitam mais poluição, e prometeu retirar os EUA do Acordo de Paris.

Mas, em linguagem direta, o documento de 1.656 páginas apresenta os efeitos devastadores da mudança climática na economia, na saúde e no meio ambiente, incluindo incêndios florestais históricos na Califórnia, quebra de safra no meio-oeste e infraestrutura em ruínas no sul.

No futuro, as exportações e as cadeias de suprimentos americanas poderiam ser interrompidas, a produção agrícola cair para níveis dos anos 1980 e a estação de incêndios atingir o sudeste.
No total, afirma o relatório, a mudança climática pode reduzir até um décimo do produto interno bruto americano até 2100.

Segundo especialistas, o relatório pode se tornar uma poderosa ferramenta legal para os oponentes dos esforços de Trump para desmantelar políticas voltadas à contenção da mudança climática.

O relatório aponta os custos mais precisos até hoje dos impactos climáticos para a economia dos EUA: US$ 141 bilhões relacionadas a mortes por calor, US$ 118 bilhões de aumento do nível do mar e US$ 32 bilhões de danos de infraestrutura até o final do século, entre outros.

O relatório sai um mês após o IPCC (Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas) ter divulgado seu mais alarmante e específico relatório sobre as severas crises econômicas e humanitárias que devem atingir o mundo até 2040.

Mas o novo relatório também enfatiza que os resultados dependem de quão rapidamente e decisivamente os EUA e outros países tomem medidas para mitigar o aquecimento global.

Os autores apresentam três soluções principais: colocar um preço nas emissões de gases de efeito estufa, o que geralmente significa impor impostos ou taxas sobre empresas que liberam dióxido de carbono na atmosfera; estabelecer regulamentações governamentais sobre a quantidade de poluição de efeito estufa que pode ser emitida; e gastar dinheiro público em pesquisa de energia limpa.

O relatório abrange todas as regiões dos Estados Unidos e afirma que eventos recentes relacionados ao clima são sinais dos perigos que estão por vir. Nenhuma área do país estará intacta, do sudoeste, onde as secas reduzirão a energia hidrelétrica e os impostos já limitados, ao Alasca, onde a perda de gelo marinho causará inundações e erosões costeiras e forçará as comunidades a se mudar para Porto Rico e Ilhas Virgens, onde a água salgada vai contaminar a água potável.

Mais pessoas morrerão à medida que as ondas de calor se tornarem mais comuns, dizem os cientistas, e um clima mais quente também levará a mais surtos de doenças.

Duas áreas de impacto destacam-se particularmente: comércio e agricultura.

Em suma, a mudança climática está levando os EUA para um território desconhecido, conclui o relatório. "A suposição de que as condições climáticas atuais e futuras se assemelham ao passado recente não é mais válida", diz Andrew Light, um dos autores do texto.

Há sempre alguma incerteza nas projeções climáticas, mas as estimativas dos cientistas sobre os efeitos do aquecimento global até agora têm sido confirmadas.

THE NEW YORK TIMES

FSP, 24/11/2018, Ambiente, p. B7

https://www1.folha.uol.com.br/ambiente/2018/11/mudanca-climatica-pode-e…

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