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MT faz renda de cultivo florestal crescer

PNUD Brasil - www.pnud.org.br
Autor: MARIANA DESIDÉRIO
07 de Abr de 2009

Um projeto que atua desde 2000 na fronteira agrícola do noroeste do Mato Grosso vai passar a ajudar agricultores assentados pela reforma agrária na região a valorizar em até 30 vezes a madeira que produzem. Com o aumento nos ganhos vindos da produção já existente, a iniciativa inibe a abertura de mais espaços na Amazônia para a agricultura, preservando uma região que sofre forte pressão agropecuária.

A valorização da madeira ocorrerá na busca de parcerias para a compra de 20 serrarias portáteis, que devem atuar na transformação da matéria-prima para que não seja vendido o tronco bruto, agregando valor ao produto. Cada máquina dessas tem capacidade para atender a produção de 150 famílias por ano.

A iniciativa faz parte da nova fase do projeto Promoção de Conservação e Uso Sustentável da Biodiversidade nas Florestas de Fronteira do Noroeste do Mato Grosso , que atua no desenvolvimento econômico de grupos indígenas, seringueiros e pequenos agricultores com ações para a conservação da biodiversidade da região, pertencente ao bioma amazônico. A ação, que atende a 2.500 famílias, tinha o final previsto em 2009, mas, em março, decidiu-se que seria prorrogada até 2010.

"O objetivo é replicar [as ações já realizadas], é ser revertido para políticas públicas", define Paulo César Nunes, um dos coordenadores do PNUD no trabalho. Plácido Costa afirma ainda que está em elaboração um projeto de continuidade, "para que os grupos [beneficiados] sejam protagonistas, possam trabalhar com uma autogestão, e as associações de indígenas e agricultores sejam as agências executoras."

Novos campos

Além do trabalho com madeira, o projeto também pretende ampliar uma de suas principais áreas de atuação junto aos beneficiados: a valorização da extração de castanha do Brasil (também conhecida como castanha do Pará) nas reservas indígenas e nos assentamentos. Até 2010, a meta será trabalhar na instrução de integrantes das aldeias e assentamentos para otimizar o cultivo, para que "quando o projeto acabar, fique a capacidade técnica para estes povos", explica Plácido Costa, integrante da equipe do PNUD na ação.

Outra ação prevista para a nova fase, voltada especificamente para os índios rikbaktsa, é a construção de um site para dar mais visibilidade às "jóias da floresta" (bijuterias feitas com recursos da Amazônia). Costa diz que a extração da castanha é uma atividade majoritariamente masculina nas aldeias indígenas. "As mulheres acharam o nosso trabalho com a castanha muito legal, mas perguntaram E a gente, como fica?", conta. O site chega para trabalhar com produtos feitos pelas mulheres. "O ponto principal é que elas estão se organizando", explica.

Conquistas

Em seus nove anos de existência, o programa realizou a ampliação de unidades de conservação na região - que, por sofrer forte pressão agropecuária, tem importância estratégica para a preservação da Amazônia. Além disso, incentivou atividades econômicas que valorizam a floresta em pé (chamados de sistemas agroflorestais), principalmente nas áreas de corredor ecológico (regiões que ficam entre uma unidade de conservação e outra e são importante para a livre circulação das espécies e a troca genética). Os recursos para realizar as ações vem do GEF (Global Environment Facility). Elas são executadas pelo PNUD em parceria com a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso,

A iniciativa otimizou em algumas regiões os processos para a extração e colheita da castanha na época certa e o beneficiamento do produto, fazendo com que o preço final dela passasse de R$ 0,35 o quilo para R$ 2,10 (hoje, o valor está em R$ 1,60 em razão das variações do mercado). Outros produtos valorizados, como o palmito de pupunha, também foram introduzidos na produção agrícola dos pequenos produtores. Assim como a valorização da madeira, o objetivo aqui é que eles melhorem seus rendimentos, usando o mesmo espaço para a agricultura.

O maior mérito do projeto, para Plácido Costa foi "sair da teoria e conseguir construir caminhos, mostrar que a floresta em pé tem seu valor na geração de renda. Antes, a reserva legal era vista como um obstáculo para os agricultores, porque a lógica era derrubar as árvores para plantar. Os índios nos falam Antes, meus filhos iam trabalhar na terra dos fazendeiros, agora eles trabalham na minha terra".

Inclusão

O projeto pretende ainda fazer um monitoramento de como a verba do ICMS ecológico (imposto recebido pelos municípios do Mato Grosso que têm unidades de conservação) está sendo usada pelas prefeituras, assim como identificar os produtos não madeireiros que podem ser extraídos da Reserva Extrativista Guariba Roosevelt (uma das que foram ampliadas com os trabalhos dos anos anteriores), entre outras ações.

Outra ação, que ocorre paralelamente aos trabalhos, é a transformação do antigo Conselho Gestor do projeto em representante do Território do Vale do Juruena no programa Territórios da Cidadania do governo federal.

O conselho é composto por associações de trabalhadores, cooperativas, representantes do poder público, de agências do governo federal e estadual e do INCRA, e já foi "promovido" a consórcio intermunicipal, o que lhe deu o direito a receber recursos diretamente do governo do Estado. Agora, o mesmo grupo será o representante do Território do Vale do Juruena, e receberá recursos do governo federal, o que viabiliza ainda mais a auto-suficiência das atividades implantadas na região. Este ponto exemplifica bem as metas atuais de levar autonomia para os agentes locais e é fruto do "capital social que o projeto levou para a região", define Nunes.

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