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Mitologia inspira musicalidade clã indígena

Diário do Pará - http://www.diariodopara.com.br/
11 de Abr de 2010

Desanos, que habitam noroeste do Amazonas, têm cotidiano permeado pela música

As conexões entre a mitologia e a música dos clãs dos Desanos, habitantes do noroeste do Amazonas, mais precisamente nas Áreas Indígenas Alto Rio Negro, são objeto de estudo da pesquisadora Lilian Barros, doutora em Etnomusicologia. Os Desanos se autodenominam Asiri Masá (Gente do Sol) e somam aproximadamente 1,5 mil pessoas. Estes povos possuem rico acervo mitológico conectado aos repertórios musicais.

"A música faz parte do cotidiano dos povos indígenas do Alto Rio Negro, entre eles, os Desana. Está presente em cerimônias de troca - como os dabokuris, em práticas medicinais tradicionais, no ensinamento da mitologia e em ritos de passagem masculinos e femininos", explica ela.

Segundo Lilian, os cantos e as músicas instrumentais são praticados em rituais solenes e em momentos de descontração. Sua prática implica na transmissão de valores e conhecimentos tradicionais destes povos. "Ao longo da história da humanidade, segundo os Desana, surgiram os cantos, as danças e os seres humanos. Os cantos auxiliaram na formação da humanidade", completa a pesquisadora.

Para eles, o processo de transformação da humanidade envolve o surgimento dos cantos, das danças e dos instrumentos musicais, bem como dos rituais e dos enfeites utilizados. Tudo isso está ligado ao fundamento do processo de humanização dos povos do Rio Negro. Lilian Barros trabalha no Alto Rio Negro há dez anos e vai anualmente ao município de São Gabriel da Cachoeira, onde vivem representantes indígenas de várias etnias (cerca de 23), entre elas os Desana.

Na próxima terça-feira, 13, Lilian Barros revela um pouco deste rico universo cultural, dentro do projeto Saber da Fonte, realizado pelo Instituto de Artes do Pará (IAP). O projeto, que busca levar ao público pesquisas acadêmicas sobre a Amazônia, foi lançado na semana passada, com palestra da professora doutora Amarílis Tupiassu sobre a chegada do espanhol Francisco Orellana à região amazônica.

Além das palestras, o projeto do IAP prevê a publicação das pesquisas apresentadas. A primeira etapa do projeto vai até junho, e a segunda será realizada entre os meses de agosto e setembro.

PROGRAMAÇÃO

Dia 13/04 - Música Indígena. Palestra "Mito e Música entre os Desana do Alto Rio Negro", com Lilian Barros, doutora em Etnomusicologia, professora da Escola de Música da UFPA.

Dia 20/04 - Matrizes Culturais Afroindígenas. Palestra "No Rastro/ Resíduo da História: Linguagens e Identidades Afroindígenas no coração da Amazônia", com Agenor Sarraf Pacheco, doutor em História Social e professor da Unama.

Dia 27/04 - Teatro Popular do Pará. Palestras "A Função Dramática do Figurino nos Pássaros Juninos", com Margarete Refkalefsky, doutora em Artes Dramáticas, diretora do Teatro Cláudio Barradas da Escola de Teatro da UFPA; "Cordões de Pássaros Juninos: a Função da Música no Espetáculo", com Rosa Maria Mota da Silva, mestre em Musicologia e professora da Escola de Música da UFPA; e "Os Grupos de Pássaros Juninos como uma Escola de Formação de Brincantes", com Olinda Charone, doutora em Artes Cênicas e professora da Escola de Teatro da UFPA.

SERVIÇO

Projeto Saber da Fonte. Programação todas as terças-feiras do mês de abril, às 18h30, no auditório do Instituto de Artes do Pará (Praça Justo Chermont, ao lado da Basílica). Entrada franca. (Diário do Pará)

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