OESP, Geral, p.A17
08 de Out de 2004
Mesmo com Rússia, Kyoto não atingirá meta
Especialistas dizem que emissões cresceram muito desde os anos 90, quando acordo foi aprovado
Alessandro Greco
A aprovação pelo governo russo da adesão ao Protocolo de Kyoto, ocorrida na quarta-feira da semana passada, não vai resolver o problema de pôr as emissões globais em níveis 5,2% menores do que em 1990, como determina o acordo internacional pela redução de gases poluentes causadores do aquecimento global firmado na cidade japonesa em 1997.
"É preciso entender que o protocolo é um esforço para reduzir as emissões.
Da década de 90 para cá, os países já aumentaram muito suas emissões e não será possível atingir as metas estabelecidas por ele em 2012", explica Nuno Cunha e Silva, diretor da Ecosecurities, empresa especializada em finanças ambientais, uma das pioneiras na área. "Ele tem deve ser visto como um aprendizado."
"A aprovação pela Rússia não resolve o problema. A situação é muito mais complexa. Ninguém fez um inventário de quanto os países conseguem vender de créditos de carbono. Sem isso, fica difícil fazer qualquer previsão sobre o protocolo", diz Carlos Martins, da Ecoinvest, também especializada em finanças ambientais.
Ontem o governo russo enviou a ratificação paro parlamento, que ainda tem de aprová-la. Deve haver grande resistência na Casa. "Temos russos trabalhando na nossa empresa e eles acham que a decisão vai demorar", diz Cunha e Silva.
A discussão está prevista ainda para este ano e, se aprovada, a ratificação entrará em vigor em 90 dias. "As discussões poderiam começar agora em outubro e o processo de ratificação poderia ser concluído até o fim do ano", afirmou o primeiro-ministro Alexander Zhukov.
A decisão da Rússia será fundamental para o acordo. O país é o terceiro maior emissor e seria o único capaz de se unir aos 125 signatários, fazendo-os atingir o índice mínimo para que vigor: 55% das emissões registradas em 1990. (Com AP e Reuters)
OESP, 08/10/2004, p. A17
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