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Mensagem da Presidência da CNBB: SOLIDARIEDADE AO BISPO DIOCESANO, AOS MISSIONÁRIOS E AOS POVOS INDÍGENAS DE RORAIMA

Cimi-Brasília-DF
27 de Fev de 2004

Estamos aqui, em nome dos Bispos da CNBB, na Região Amazônica, assumida como prioridade pastoral em nossa Assembléia Geral de 2002. Esta Região não menos importante para todo o povo brasileiro por tratar-se de uma Região de grandes potencialidades, especialmente por sua sócio-biodiversidade. Trata-se de uma região de grande futuro, pois contém uma riqueza cultural e étnica da maior relevância.

São mais de dez povos indígenas, representando parcela expressiva da população e um dos processos organizativos mais ativos, consistentes e de muita luta e coerência. E é exatamente junto a esses povos e por acreditar neles que aqui também se desenvolveu uma das mais belas páginas da ação missionária, após o Concílio Vaticano II e a criação do Conselho Indigenista Missionário - Cimi. E foi por se colocar decididamente ao lado dos povos indígenas em suas lutas pelos direitos constitucionais, que os missionários sofreram e estão sofrendo violências, calúnias e ameaças.

A CNBB sempre acompanhou de perto e, com particular atenção, a caminhada da Igreja Missionária de Roraima e toda sorte de ataques e violências que tem sofrido nesses últimos anos. Por esta razão, quando na década de oitenta, os missionários da Missão Catrimani foram caluniados e expulsos, prontamente o presidente da CNBB, na época D. Luciano Mendes de Almeida, veio para cá trazer sua solidariedade e inteirar-se dos acontecimentos.

Agora, após mais uma afronta e agressão aos missionários, seqüestrados e ameaçados, não poderíamos deixar de vir para cá com o mesmo espírito solidário e de total apoio à corajosa e coerente ação dos nossos missionários.

Foram depredadas as dependências da Missão Surumu, símbolo da ação missionária, e que foi o palco de inúmeros e importantes acontecimentos do movimento indígena neste Estado, como as Assembléias dos Tuxauas. Há poucos dias aí foi realizada a 33a. Assembléia do mesmo povo. Um belo exemplo de determinação, coragem e democracia.

Viemos para dizer que os Bispos da Igreja Católica no Brasil, através de sua Presidência, está solidária com a Igreja local de Roraima, com seu Bispo, Dom Apparecido José Dias, com os missionários, especialmente os que atuam junto aos povos indígenas. Eles são um testemunho evangélico de compromisso com a causa dos povos indígenas, e uma voz profética diante de uma realidade tão hostil e agressiva aos índios e aos que os defendem. Não podíamos deixar de manifestar nossa preocupação e diante das recentes violências cometidas contra os missionários, a Igreja local e os povos indígenas e nossa desaprovação dos atos de ódio e ganância; ao mesmo tempo, apelamos para que esses crimes sejam julgados e os culpados sejam punidos.

Queremos aqui também manifestar nossa solidariedade para com todos os povos indígenas daqui e, em especial, por todas as vítimas de violências e agressões. Cremos na justiça de Deus que julgará a cada um pelas suas obras.

Não poderíamos deixar de nos manifestar, neste momento importante da história do nosso País, sobre a aspiração e o direito mais importante dos povos indígenas do Estado de Roraima: Trata-se da justa e constitucional homologação da área indígena Raposa Serra do Sol, conforme a portaria 820/98; isto dará a garantia dos Poderes Constituídos do Brasil, para um futuro de paz e vida digna, aos mais de 15 mil índios que ali vivem. De fato, esta tem sido a luta de 30 anos dos índios, para a qual sempre puderam contar com o apoio solidário dos missionários.

Igualmente desejamos ardentemente que as demais questões de terras indígenas em Roraima, como em todo o País, sejam resolvidas em breve tempo, para que o Brasil possa orgulhar-se de consolidar sua democracia dentro da pluralidade étnica e cultural que o caracteriza.

Finalmente, desejamos encorajar toda a Igreja presente em Roraima, para que tenha esperança e confiança na Providência de Deus e, com ânimo renovado e vigor profético, continue a construir o Reino de Deus nesta Região: reino de amor, de justiça e de paz. Que a campanha "nós existimos", produza os frutos que se propõe: Construir uma sociedade solidária, de irmãos, onde reinem, acima de tudo, o amor e a fraternidade.

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Cardeal Geraldo Majella Agnelo D. Antônio Celso de Queirós
Presidente da CNBB Vice-Presidente da CNBB

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