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03 de Mai de 2024
Mais jovem que a população geral, mais da metade dos indígenas têm até 29 anos, diz IBGE
Proporção de jovens é ainda maior dentro dos territórios delimitados por lei
Lucianne Carneiro
Alessandra Saraiva
03/05/2024
Apesar de um processo inicial de leve redução da fecundidade, a população indígena se mostra ainda predominantemente jovem, mostram os dados do estudo "Censo 2022: Quilombolas e Indígenas, por sexo e idade", o mais recente levantamento a partir das informações do Censo Demográfico 2022, do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).
Uma maioria de 56,1% da população indígena é formada por pessoas de até 29 anos, bem acima da média de 42,08% da população brasileira como um todo. São 905,8 mil pessoas de um total de 1,694 milhão da população indígena de 2022.
"Os dados mostram que a população indígena tem um perfil mais jovem que o da população residente. Nos últimos 15 anos, há uma ligeira e gradual redução da fecundidade entre os indígenas, diferentemente da população como um todo, em que a redução ocorre nos últimos 30 anos", afirma Marta de Oliveira Antunes, responsável pelo Projeto de Povos e Comunidades Tradicionais do IBGE.
Enquanto a pirâmide etária da população brasileira tem uma base cada vez mais estreita, no caso da população indígena a base é mais larga, aponta ela. Os dados mostram, no entanto, diferença no perfil etário da população indígena quando se observa quem vive dentro e fora das terras indígenas oficialmente delimitadas.
A proporção de jovens abaixo de 29 anos é ainda maior dentro das terras indígenas: são 68,91%, ante 48,66% naqueles que vivem fora desses limites. "A diferença é muito significativa na estrutura etária dos dois grupos, o que vive dentro das terras e o que vive fora", diz.
No Censo, os recenseadores do IBGE foram atrás da população indígena em áreas que compõem o conjunto das terras indígenas oficialmente delimitadas; em agrupamentos indígenas; e em demais áreas de conhecida ou de potencial ocupação indígena.
Outros dois indicadores apresentados pelo IBGE apontam para o perfil mais jovem da população indígena que o da média da população brasileira: a idade mediana da população (idade que separa a população em duas metades iguais) e o índice de envelhecimento (que é o número de pessoas com 60 anos ou mais em relação a um grupo de 100 pessoas de até 14 anos de idade).
Em 2022, a idade mediana era de 25 anos na população indígena, sendo 19 anos nos que vivem dentro das terras indígenas e 30 anos naqueles fora das terras indígenas. Na média da população brasileira, a idade mediana era de 35 anos. Os números são pouco maiores que os de 2010: 22 anos da população indígena (17 anos dentro das terras e 29 anos fora delas), ante 29 anos na média brasileira.
Para explicar o perfil etário mais jovem da população indígena, Antunes cita fatores culturais, como a maneira como é pensada a família e a forma com que se coloca enquanto grupo étnico, além da vida comunitária, onde há distribuição do cuidado com as crianças pela aldeia.
"A população indígena pensa de forma diferente a constituição de família, de reprodução social, a importância de ter filhos e de renovar seu grupo étnico. Aqueles que moram nos territórios conseguem manter a tradição cultural de ter famílias mais amplas que aqueles que vivem fora, onde há dificuldade de manter domicílios com mais gente", esclarece.
A pesquisa do IBGE também analisou o índice de envelhecimento da população segundo os municípios em que estão presentes. O gerente de Territórios Tradicionais e Áreas Protegidas do IBGE, Fernando Damasco, aponta que há uma relação direta neste aspecto: municípios com maior concentração de população indígena têm maior representatividade da população de 14 anos ou mais que daquela dos idosos.
"Essa é uma população de trajetória em geral muito jovem, com índices significativos de fecundidade. E por isso também a necessidade de novas aldeias, de busca de oportunidades de emprego e renda. Isso pode estar relacionado a uma espécie de transbordamento da população indígena", diz.
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